terça-feira, 23 de julho de 2013

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Que ledes vós no Livro?


Que ledes vós no Livro? Ledes os mandamentos para serem inscritos a ouro nas paredes e cúpulas dos templos? Ou para serem inscritos, como verdades vivas, no coração?

Ledes as doutrinas para serem ensinadas dos púlpitos e zelosamente defendidas com lógica, artifício ee linguagem e, se necessário for, com dinheiro e o gume das espadas? Ou ledes a vida, que não é uma doutrina para ser ensinada e defendida, mas um caminho a ser trilhado com a vontade de obter a Libertação, no templo ou fora dele, de noite ou de dia, nos lugares baixos tanto quanto nos altos? E enquanto não estiverdes nesse caminho e tiverdes certeza de seu fhm, como tereis a ousadia de convidar outros a trilhá-lo?

Ou ledes tabelas, mapas e listas de preços nos Livro, mostrando aos homens quanto de céu pode-se comprar em troca de tanto ou quanto desta terra?

Trapaceiros e agentes de Sodoma! Quereis vender o Céu aos homens e tomar em pagamento o quinhão que eles possuem da terra. Quereis fazer da terra uma gehenna e estimulai os homens a fugir, enquanto agarrai-vos a ela. Por que não os fazeis vender sua parte no Céu por uma parte na terra?

Se houvésseis lido bem vosso Livro, mostraríeis aos homens como fazer da terra um céu, pois aquele que tem um coração celeste, a terra é um céu, e para o homem que tem um coração terreno, o Céu é uma terra.

Tirai os véus que cobrem o Céu no coração dos homens, removendo as obstruções que há entre eles e seus irmãos na terra, entre o homem e todas as criaturas, entre o homem e Deus. Mas para isso, teríeis de possuir, vós mesmos, um coração celeste.

[Extraído de NAIMY, Mikhaïl. O livro de Mirdad. Lectorium Rosicrucianum: São Paulo, 1999. p.164-165.]

domingo, 21 de julho de 2013

A Sagrada Compreensão


Acreditai, ó monges, que nenhuma autoridade vale um piscar de olhos a não ser a da Sagrada Compreensão, que não tem preço. Para alcançá-la, nenhum sacrifício é excessivo. Uma vez conseguida, permanecerá convosco até o fim dos tempos e dará a vossas palavras maior poder do que aquele de que possam desfrutar todos os exércitos do mundo e abençoará vossas ações com maiores benefícios do que todas as autoridades, em conjunto, poderiam sonhar em trazer ao mundo.

Isto porque a Compreensão é seu próprio escudo; sua poderosa arma é o Amor. Não persegue nem tiraniza, mas cai como o orvalho, suavemente, sobre o árido coração humano, tanto para os que rejeitem suas bençãos, como para os que com ela se saciam; pois, consciente de sua força interna, jamais recorre à força externa e, não sendo presa do medo, não usa da intimidação como arma com que tente impor-se a qualquer ente humano.

[NAIMY, Mikhaïl. O livro de Mirdad. Lectorium Rosicrucianum: São Paulo, 1999. p.175]

sábado, 20 de julho de 2013

O Livro de Mirdad


Que a paz, as bençãos e a misericórdia de Deus estejam convosco, até o Dia do Juízo Final.

Acrescentar palavras a uma obra excelente é diminuir sua qualidade. Assim, não procuro interpretar nem analisar O livro de Mirdad, esse expoente do Gnosticismo (Cristão) Árabe, mas apenas expor alguns pontos do porque sua leitura é tão proveitosa...

Antes de começar: nunca tinha ouvido falar de Mikhaïl Naimy, o autor desse livro. Infelizmente, suas obras tiveram poucas traduções para o Português brasileiro - desconheço de para o Português de Portugal. Me assuntou não ter contato com o livroantes...Como uma obra com tamanha profundidade e densidade poderia chegar ao meu conhecimento só aos 29 anos? Foi o que pensei, muito arrogante.

Ainda bem que podemos nos surpreender, afinal. O livro de Mirdad é um relato "fictício", daquelas ficções que sabemos ter um denso grau de experiência do autor, e oferece a narrativa sobre uma pessoa em procura do conhecimento. Em sua jornada, esse sujeito, após passar por provações que lembram em muito as provas de ingresso em sociedades secretas, encontra o que procurava: um mosteiro conhecido como A Arca. Narra-se que o grupo que acompanhava Noé se estabeleceu nesse lugar e que uma Arca muito maior, dessa vez que abarcaria toda a Humanidade, estaria para chegar. O Homem, usando ainda a fralda dos éons, teria dificuldades para embarcar nessa Nova Arca, mas teria a potencialidade para tal.

Com uma mensagem que transcende o limite das religiões institucionais e se comunica à religião do coração, somos apresentados, ao fim da procura do protagonista (nas primeiras trinta e poucas páginas), ao Livro de Mirdad. O protagonista o encontra, após uma iniciação, e passamos a acompanhar a leitura junto com ele. Como se nós mesmos tivéssemos nos iniciado e encontrado esse livro ao fim de uma jornada.

A narrativa, a princípio, me lembrou algumas histórias budistas: pessoas narram o que Mirdad havia falado, o que Mirdad havia feito, o que as pessoas em volta de Mirdad haviam respondido ou relatado. Mirdad passa então a falar sobre diversas coisas: desde questionamentos sobre como um coração que possui uma única inimizade pode ter espaço para a amizade até o que acontece aos homens no Dia do Juízo. Somos apresentados a uma discussão entre dois arcanjos e dois arquidemônios acerca do Homem. As lições de Mirdad aos seus companheiros prosseguem, culminando em um desfecho relativamente previsível, mas ainda assim prazeroso.

Enfim, Mikhaïl Naimy é recomendado para essa aproximação da verdadeira mensagem do monoteísmo, a essa mensagem que transcende todas as diferenças entre os homens em suas crenças.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Quão imprudente é o Homem!


Quão imprudente é o Homem! Ele arruína seu Presente enquanto se preocupa com o Futuro, mas chora no Futuro recordando-se de seu Passado! - atribuído ao Iman Ali

[extaído de http://islamreflection.tumblr.com/ - tradução de Muhammad F.]

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Seja como a flor


Seja como a flor, que oferece sua fragrância mesmo para a mão que a esmaga. [atribuído ao Iman Ali.]

terça-feira, 2 de julho de 2013

Mística islâmica: atualidade e convergência com a espiritualidade cristã

O livro Mística islâmica: atualidade e convergência com a espiritualidade cristã de Mateus Soares de Azevedo é um excelente livro sobre o sufismo. Acho que essa é uma das primeiras coisas que se deve fazer com um livro antes de recomendá-lo. Agora, devo lhes dizer porque de sua excelência - o que não quer dizer que é despido de defeitos.

O autor vem, ao longo de suas obras, resgatando os valores das sabedorias tradicionais (veja seus livros em http://en.wikipedia.org/wiki/Mateus_Soares_de_Azevedo - alguns aos quais tive acesso), seja com conteúdo original (mais original pela leitura realizada do que pelos conteúdos mobilizados, enfim), seja com sua produção de traduções. Ambos os esforços resultam em uma bem-sucedida reflexão sobre o valor do pensamento religioso, sobre seus desdobramentos como promotores da dignidade humana, do convívio pacífico, da complementaridade dos diversos (não dos opostos!). Entretanto, tais aspectos são pouco (não quer dizer que não o sejam) vistos na presente obra.

Em Mística islâmica, ao contrário do que o título parece prometer, temos uma abordagem histórica dessa mística. Indicada em suas origines, em Ali Ibn Taleb e em Muhammad, o autor procede a um estudo histórico do desenvolvimento das ordens e de suas ideias, chegando, nas suas ultimas páginas, a indicar mesmo uma periodização de um "movimento". Como estudo introdutório e como consolidador de estudos realizados, o livro merece mais esse destaque. Se o seu nome fosse "História da mística islâmica", talvez tivéssemos uma indicação melhor do que se propõe o livro.

A confusão fica em seu subtítulo: atualidade e convergência com a espiritualidade cristã. Certamente o leitor mais atento terá essa perspectiva, reconhecendo conteúdos comuns às duas tradições (cristã e islâmica), mas tendo poucas indicações de quando tal convergência ocorre. Os textos bíblicos são pouquíssimo explorados; deste modo, operar a convergência é mais uma tarefa do leitor do que o autor!

Enfim, não se trata de um livro ruim; reafirmamos sua excelência. Entretanto, talvez por questões relativas ao capitalismo editorial, tal seja o modo com o qual o livro foi vendido. O Iniciação ao islã e ao sufismo, do mesmo autor, é um excelente complemento; A inteligência da fé oferece um melhor panorama do embasamento do autor; Men of a single book consegue mostrar muitos aspectos de outras tradições e dos equívocos da interpretação fundamentalista. Mística islâmica é um daqueles livros que, como todos os outros livros que existem, só fazem sentido quando lidos em conjunto com outras obras. De leitura muito recomendável, mas tendo em mente estes avisos, é um texto bem próximo a uma "história das religiões" descritiva, essencial para nós, Ocidentais, compreendermos o desenvolvimento do sufismo e suas tentativas de continuar existindo em um mudo secularizado, com um modernismo rudemente materialista e que não deixa espaço para o conhecimento cardíaco...

AZEVEDO, Mateus Soares de. Mística islâmica: atualidade e convergência com a espiritualidade cristã. Petrópolis: Editora Vozes, 2000.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Narrativas xiitas sobre Jesus (X)


Foi relatado que Abu Abd Allah [Imam Sàdiq] disse "O mundo tomou a forma, para Jesus ('a), de uma mulher cujos olhos eram azuis. Então ele disse para ela 'Com quantos você se casou?' Ela disse 'Muitos.' Ele disse 'Então todos eles divorciaram-se de você?' Ela disse 'Não, mas eu matei todos eles.' Ele disse 'Então que sofra o restante de seus maridos! Como eles falharam em aprender com o exemplo de seus predecessores!'"

[extraído de http://www.al-islam.org/jesus_shiite_narrations/, Capítulo 16, item 35 - tradução de Muhammad F.]

domingo, 30 de junho de 2013

Narrativas xiitas sobre Jesus (IX)


Foi dito a Jesus ('a) "Quem lhe instruiu?" Ele disse "Ninguém me instruiu. Vi a feiura da ignorância e, então, evitei-a."

[extraído de http://www.al-islam.org/jesus_shiite_narrations/, Capítulo 16, item 28 - tradução de Muhammad F.]

sábado, 29 de junho de 2013

Narrativas xiitas sobre Jesus (VIII)


Os discípulos questionaram Jesus ('a) "Indique-nos um feito pelo qual iremos entrar nO Jardim." Ele disse "Não fale nada." Ele disseram "Não podemos fazer isso." Ele respondeu "Então, não falem nada com a exceção daquilo que é bom."

[extraído de http://www.al-islam.org/jesus_shiite_narrations/, Capítulo 16, item 11 - tradução de Muhammad F.]

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Narrativas xiitas sobre Jesus (VII)


Um homem questionou Jesus ('a), o filho de Maria, "Quais das pessoas são as melhores?" Ele encheu  as mãos de terra e disse "Quais dessas é a melhor? As pessoas são criadas da terra, então as mais honoráveis delas são as mais preocupadas com Deus."

[extraído de http://www.al-islam.org/jesus_shiite_narrations/, Capítulo 16, item 6 - tradução de Muhammad F.]

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Narrativas xiitas sobre Jesus (VI)



Jesus ('a) foi questionado sobre as melhores pessoas. Ele disse "Aquele cuja fala contém a menção a Allah, cujo silêncio é contemplação e cuja visão seja admoestação."

[extraído de http://www.al-islam.org/jesus_shiite_narrations/, Capítulo 16, item 5 - tradução de Muhammad F.]

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Narrativas xiitas sobre Jesus (V)



Jesus ('a) disse aos seus discípulos "Satisfaça-se com pouco do mundo, enquanto sua religião está segura, do mesmo modo que pessoas deste mundo estão satisfeitas com pouco da religião, enquanto seu mundo está seguro; ame Allah afastando-se deles e deixe Allah satisfeito irritando-se com eles."

Os discípulos disseram "Oh, Espírito de Allah, então quem devemos ter em companhia?" Ele disse "Daquele que, ao olhar, lembrem-lhes de Allah, cuja fala aumenta-os em conhecimento e suas ações deixem-nos desejosos do outro mundo."

[extraído de http://www.al-islam.org/jesus_shiite_narrations/, Capítulo 16, item 1 - tradução de Muhammad F.]

terça-feira, 25 de junho de 2013

Gratidão (II)



A gratidão toma três formas - um sentimento no coração, a expressão em palavras e o dar em troca.



As coisas mais sem valor sob a Terra são estas quatro: chuva em um solo estéril, uma lamparina à luz do sol, uma bela mulher dada em casamento para um homem cego e um bom ato para o ingrato.


[extraído de WORTABET, John. Arabian wisdom: selections and translations from the arabic. [sem cidade]: Dodo Press, 1913 - tradução de Muhammad F.]

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Gratidão (I)


É ingrato a Deus aquele que é ingrato ao homem.

Aquele que é ingrato pelo pouco é ingrato pelo muito.

Deus mantém Suas bençãos para aquele que é grato.

Aquele que é ingrato pelo bem que recebe merece que o afastem dele.

O homem pode ser grato a Deus apenas na medida em que faz o bem para seus companheiros.

[extraído de WORTABET, John. Arabian wisdom: selections and translations from the arabic. [sem cidade]: Dodo Press, 1913 - tradução de Muhammad F.]

domingo, 23 de junho de 2013

Hadith Qudsi (V)


Da autoridade de Abu Hurayrah (que Allah esteja satisfeito com ele) do Profeta (que a paz e as benção de Deus estejam sobre ele), que disse:
Allah (poderoso e sublime Ele é) disse:
"Dê (em caridade), oh filho de Adão, que eu dispenderei com você."
[extraído de http://www.guidedways.com/qudsihadith.php?hadith=11 - tradução de Muhammad F.] 

sábado, 22 de junho de 2013

Hadith Qudsi (IV)


Da autoridade de Abu Hurayrah (que Allah esteja satisfeito com ele) vinda do Profeta (que a paz e as bençãos de Allah estejam sobre ele), que disse:
Allah (poderoso e sublime Ele é) disse:
"O jejum é Meu e Sou Eu quem o recompensa. [O homem] abre mão de sua paixão sexual, sua comida e sua bebida por Minha causa." O jejum é como um escudo e aquele que jejua tem duas alegrias: uma quando encerra seu jejum e outra quando encontrar seu Senhor. A mudança no hálito daquele que jejua é melhor na estima de Allah do que o cheiro do almíscar.
[extraído de http://www.guidedways.com/qudsihadith.php?hadith=10 - tradução de Muhammad F.] 
 

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Hadith Qudsi (III)


Da autoridade de Abu Hurayrah (que Allah esteja satisfeito com ele), que disse que o Mensageiro de Allah (que a paz e as benção de Allah esteja sobre ele) disse:
Allah (glorificado e exaltado Seja) disse:
Sou tão auto-suficiente que não tenho a necessidade de ter associados. Assim, aquele que faz uma ação para outrem como se fosse para Mim, terá tal ação renunciada, por Mim, para aquele que foi associado a Mim.
[extraído de http://www.guidedways.com/qudsihadith.php?hadith=5 - tradução de Muhammad F.] 

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Hadith Qudsi (II)


Da autoridade de Abu Hurayrah (que Allah esteja satisfeito com ele), que disse que o Mensageiro de Allah (que a paz e as bençãos de Allah estejam com ele) disse:
Allah disse:
Os filhos de Adão injuriam contra [as vicissitudes d]o Tempo, e Eu sou o Tempo, em Minhas mãos estão a noite e o dia.
[extraído de http://www.guidedways.com/qudsihadith.php?hadith=4 - tradução de Muhammad F.]

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Hadith Qudsi (I)


Da autoridade de Abu Hurayrah (que Allah esteja satisfeito com ele), que disse que o Mensageiro de Allah (a paz e as bençãos de Allah estejam sobre ele) disse:
Quando Allah decretou a Criação, Ele prometeu, escrevendo em Seu livro que repousa com Ele, que "Minha misericórdia prevalecerá sobre Minha ira."
[extraído de http://www.guidedways.com/qudsihadith.php?hadith=1 - tradução de Muhammad F.]

terça-feira, 18 de junho de 2013

Nota sobre filosofia perene


(...) todas as religiões em suas formas originais contém as dimensões exotérica e esotérica. O exotérico (doutrinas, ritos e leis da religião) provém o fiel dos meios de salvação para a próxima vida. Aqueles que desejam ver Deus aqui e agora devem ingressar no caminho iniciático e espiritual, o qual é sinônimo de esoterismo. O erro de muitos no Ocidente (que são frequentemente encorajados por falsos professores do Oriente) está na tentativa de praticar o esoterismo sem as doutrinas, ritos e leis essenciais de uma tradição particular, que provém dos fundamentos e da proteção necessários para aqueles que estão no caminho espiritual. Não devemos confundir a filosofia perene ou a unidade transcendente das religiões com uma falsa uniformidade, que despe todas as religiões de suas doutrinas e métodos, únicos, que fazem com que a jornada para o Um seja possível. Outrossim, é apenas no nível esotérico que as religiões começam a convergir e finalmente encontram-se no Princípio comum. Apenas o gnóstico que teve o coração iluminado pelo conhecimento sagrado, o qual é a meta do esoterismo, pode penetrar na sua própria forma religiosa e na de outros e perceber a Única Verdadeira Realidade que revela a si mesma através de todas as religiões ortodoxas, na natureza e no coração do homem.

[extraído de MARKWITH, Zachary. Muslim intelectuals and the Perennial Philosophy in the Twentieth Century. Disponível em  http://www.irip.ir/Home/Single/1420. Tradução de Muhammad F.]

segunda-feira, 17 de junho de 2013

O Segredo Aberto - Tony Parsons


Que a paz, as bençãos e a misericórdia de Deus estejam convosco.

No site http://mestresiluminados.blogspot.com.br/2012/04/eu-sou.html, encontramos um trecho muito interessante do livro O segredo aberto de Tony Parsons. O que dizer de um livro tão forte?

Primeiro, é de uma leitura simples. Sim, em menos de uma hora é possível lê-lo, sendo possível meditar dias e dias seguidos sobre as coisas lidas. Extremamente simples... A percepção do autor de que já estamos na presença (A Presença) realizar uma leitura extremamente misericordiosa da humanidade. É uma percepção extremamente sábia a de que todos somos herdeiros da presença. Isso implica que viver no presente é uma oportunidade única, algo maravilhoso.

A mensagem de Tony Parsons é uma mensagem frutífera para todos os que estão no caminho. Ao menos é essa a impressão que passa para alguém que procura. Mesmo o ato de procurar é problematizado por Tony Parsons, que apresenta uma solução elegante: o que fazer? Questão extremamente simples, com uma excelente resposta: o melhor.

Deus me perdoe por distorcer a leitura possível desse autor, de seu livro e de sua contribuição ao conhecimento provindo do coração. Fica minha dica de um excelentíssimo texto sobre o conhecimento que nosso século XX produziu, de uma percepção Ocidental que não se restringe ao seu locus de origem...

P.S.: até o presente momento, não encontrei esse livro para vender; até o site da Editora Iluminatta não registra o livro...

domingo, 16 de junho de 2013

O que fazer pelo oprimido e pelo opressor?


O Profeta Muhammad (que a paz e as benção de Deus estejam com ele) disse:

"Ajude seu irmão, quer ele seja um opressor, quer seja um oprimido." Foi questionado ao Profeta: "É correto ajudá-lo se ele é oprimido, mas como devemos ajudá-lo se ele for um opressor?" Ele respondeu: "Prevenindo-o de oprimir os outros."

{Sahih Bukhari, Volume 3, Hadith 624}

Nasrudin (IX)

O dervixe Nasrudin ingressou em uma recepção formal e sentou-se na cadeira principal, a mais elegante. O Capitão da Guarda aproximou-se e disse: "Senhor, tais lugares são reservados para os convidados de honra."

"Oh, mas eu sou mais do que um mero convidado", confidenciou-lhe Nasrudin.

"Ah, então és um diplomata?"

"Muito além disso!"

"Sério? Então és um ministro, talvez?"

"Não, maior do que isso também."

"Oh! Então deve ser o próprio Rei, senhor", disse-lhe o Chefe, sarcasticamente.

"Maior do isso!"

"O que? Maior do que o Rei?! Ninguém é maior do que o Rei nesta vila!"

"Chegou onde queria. Eu sou Ninguém!", disse Nasrudin.

[extraído de http://en.wikibooks.org/wiki/Sufism/Nasrudin - tradução de Muhammad F.]

sábado, 15 de junho de 2013

Nasrudin (VIII)

"Nasrudin, sua religião é ortodoxa?"

Respondeu-lhe Nasrudin "Depende de qual bando de hereges está no poder."

[extraído de http://en.wikibooks.org/wiki/Sufism/Nasrudin - tradução de Muhammad F.]

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Nasrudin (VII)

Os três sábios do rei acusavam Nasrudin de heresia; assim, ele foi trazido à presença do rei para ser julgado.

Em sua defesa, Nasrudin perguntou aos sábios, "Oh, homens de conhecimento, o que é o pão?"

O primeiro sábio disse "Pão é sustento, comida."

O segundo disse "Pão é a mistura de farinha e água exposta ao calor do fogo."

O terceiro disse "Pão é uma dádiva de Deus."

Nasrudin disse ao rei "Vossa Alteza, como podes acreditar nestes homens? Não lhe parece estranho que não consigam entrar em acordo sobre a natureza de algo que comem todos os dias enquanto são unânimes em me declararem herege?"

[extraído de http://en.wikibooks.org/wiki/Sufism/Nasrudin - tradução de Muhammad F.]

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Nasrudin (VI)

O Mulla gabava-se por sua força; mesmo tendo envelhecido, ela não tinha diminuído.

"Eu sou tão forte quanto quando era jovem." "Como pode ser isso?", perguntaram-lhe.

"Existe uma grande pedra do lado de fora da minha casa. Eu não poderia movê-la no passado, bem como não posso mexê-la agora!", disse o Mulla.

[extraído de http://en.wikibooks.org/wiki/Sufism/Nasrudin - tradução de Muhammad F.] 

quarta-feira, 12 de junho de 2013

A visão ismaelita da crucificação



E não creiais que aqueles que sucumbiram pela causa de Allah estejam mortos; ao contrário, vivem, agraciados, ao lado do seu Senhor. (Alcorão 3:169)

Todos os muçulmanos reconhecem Jesus como um grande Profeta e Mensageiro de Deus. Como nos Evangelhos, o Alcorão se refere a Jesus como o Messias ou o Cristo (al-Masih), enviado para os Filhos de Israel, seguindo os passo de Moisés e dos Profetas hebraicos. Interessantemente, o Alcorão também se refere a Jesus como Palavra de Deus (kalimat) e Espírito de Deus (ruh) soprado na Virgem Maria. No Islã em geral e no pensamento ismailita, em particular, Jesus e sua missão são de grande importância, uma vez que ele é o precursor e antecessor de Muhammad, o Selo dos Profetas.

Jesus ocupa uma proeminente posição na Filosofia Ismailita, na qual ele é lembrado como sendo um dos "Possuidores da Resolução" (ulu'l-azam) e um Profeta da Fala ou Proclamador (Natiq), tendo existido somente seis destes (Adão, Noé, Abraão, Moisés, Jesus, Muhammad). Em todo Ciclo da Profecia, Jesus representa o aspecto solar ou esotérico da Profecia, conhecido comowalayah, sendo sua função revelar o conteúdo esotérico (batin) da lei (shari'ah) de Moisés, completando seu propósito último. Não é, então, algo surpreendente vermos o porque de muitos filósofos ismailitas dedicarem grande atenção à figura de Jesus, sua missão e o significado esotérico de vários símbolos e eventos em sua vida.

Na Filosofia Ismailita, cada grande Profeta ou Natiq (Proclamador) é o locus da manifestação (mazhar) do Intelecto Universal. Em muitas formas da Gnose islâmica e da Filosofia, incluindo o pensamento Ismailita, o Intelecto Universal (al-'aql al-kull) é o primeiro ser originado diretamente de Deus, enquanto o resto da Criação foi criado através desse Intelecto Universal. Isso é evidente em muitos hadiths, aceitos tanto por sunitas quanto xiitas, onde o Profeta mesmo afirma que "a primeira coisa criada por Deus foi Intelecto ('aql)." De acordo com o Imam Ja'far al-Sadiq, este Intelecto é a Luz primordial que manifesta-se no Profeta Muhammad e no primeiro Imam, 'Ali ibn Abi Talib:

Dois mil anos antes da criação, Muhammad e 'Ali eram uma Luz (nur) perante Deus.
Em outro hadith, o Imam descreve o Intelecto ('aql) como a primeira entidade espiritual a ser criada da Luz de Deus:
Deus - seja Ele glorificado e exaltado - criou o Intelecto ('aql) primeiro dentre as entidades espirituais. Ele tirou-o do lado direito de Seu trono, fazendo-o proceder da Sua própria Luz.
No pensamento Ismailita, Deus transcende todos atributos, descrições e nomes, incluindo as categorias de ser e não-ser, unidade e multiplicidade e mesmo de existência e não-existência. Na visão global da metafísica ismailita, todos os atributos e qualidades de grandeza, majestade e perfeição, particularmente aqueles de natureza antropomórfica, relacionam-se ao Intelecto Universal a não aO Próprio Deus, O qual absolutamente transcende tais qualidades. O Intelecto Universal abarca todos atributos divinos, toda a existência dentro de si mesmo e é, tecnicamente falando, a "Causa Primeira" e o "Ser Necessário" (wajib al-wujud) da hierarquia onto-cosmológica da qual se origina o mundo físico. A pessoa do Proclamador (Natiq) e sua descendência linear, o Imam, é olocus da manifestação (mazhar) do Intelecto Universal - do mesmo modo que um espelho reflete um objeto sem realmente conter ou encarnar tais objetos. Henry Corbin referiu-se a esse grupo de conceitos como "Imamologia"; de acordo com ele, a figura do Profeta e do Imam possuem duas naturezas distintas ou camadas de existência - uma natureza humana, criada, e uma natureza divina, eterna. A Imamologia torna-se relevante na compreensão da "cristologia" Ismailita, fornecendo os elementos, aos muçulmanos ismailitas, para compreender a crucificação.

Muitos filósofos ismailitas do décimo e do décimo primeiro séculos comentaram sobre a crucificação, incluindo Ikhwan al-Safa, Ja'far ibn Mansur Al-Yaman, Abu Hatim al-Razi, Abu Yaqub al Sijistani e al-Mu'ayyad fi'l-Din al-Shirazi. Todos eles estão de acordo em afirmarem a historicidade da Crucificação, confirmando mesmo que foi Jesus mesmo, de fato, quem foi crucificado e não um substituto como afirmado por muitos outros comentadores do Alcorão.

Para al-Mu'ayyad fi'l-Din al-Shirazi, negar a historicidade da Crucificação é contradizer um fato histórico estabelecido pelo testemunho de duas das maiores comunidades religiosas, Judeus e Cristãos. Mesmo o proeminente teólogo sunita al-Ghazali eventualmente veio a afirmar a Crucificação, provavelmente tendo apreendido isso de fontes Ismailitas. Ikhwan al-Safa chega mesmo a narrar toda a estória da Crucificação de Jesus em suas epístolas, como segue:

Então, no dia seguinte, Jesus apareceu para as pessoas e convocou-as e rezou para elas até que ele foi preso e levado para o Rei dos banu isra'il. O rei ordenou sua crucificação, então seu nasut (corpo físico) foi crucificado e suas mãos foram pregadas à cruz de madeira, permanecendo assim da manhã até a tarde. E ele pediu por água, mas lhe deram vinagre para beber. Então ele foi perfurado com uma lança e enterrado próximo à cruz, enquanto quarenta tropas guardavam sua tumba. E tudo isso aconteceu na presença de seus discípulos. Quando eles o viram, souberam que era ele COM CERTEZA e ele não os comandou para que DIVERGISSEM SOBRE ISSO. Então eles se reuniram três dias depois em um lugar. E Jesus apareceu para eles, e eles viram as características que lhes eram conhecidas. As novas, de que o Messias não foi morto, foram divulgadas entre os banu isra'il. Então a tumba foi aberta e o nasut (corpo físico) não foi encontrado. Assim, as tropas DIVERGIRAM ENTRE ELES e, certamente, muito tagarelou-se sem sentido, sendo que a estória complicou-se.

Os Ismailitas então afirmam que Jesus morreu no sentido convencional - seu corpo físico foi crucificado e morto. De fato, o Alcorão confirma em outros versículos que Jesus morreu e que sua morte não foi de acordo com os desejos de seus inimigos, mas devido à Vontade de Deus:

E quando Allah disse: Ó Jesus, por certo que porei termo à tua estada na terra[mutawaffeeka]; ascender-te-ei até Mim e salvar-te-ei dos incrédulos, fazendo prevalecer sobre eles os teus prosélitos, até ao Dia da Ressurreição. Então, a Mim será o vosso retorno e julgarei as questões pelas quais divergis. (Alcorão 3:55)
E recorda-te de que quando Allah disse: Ó Jesus, filho de Maria! Foste tu que disseste aos homens: Tomai a mim e minha mãe por duas divindades, em vez de Allah? Respondeu: Glorificado sejas! É inconcebível que eu tenha dito o que por direito não me corresponde. Se o tivesse dito, tê-lo-ias sabido, porque Tu conheces a natureza da minha mente, ao passo que ignoro o que encerra a Tua. Somente Tu és Conhecedor do desconhecido. Não lhes disse senão o que me ordenaste: Adorai a Allah, meu Senhor e vosso! E enquanto permaneci entre eles, fui testemunha conta eles; e quando quiseste encerrar os meus dias na terra [tawaffaytanee], foste Tu o seu Único observador, porque és Testemunha de tudo. (Alcorão 5:116-117)

As palavras em árabe utilizadas acima, mutawaffeeka e tawaffaytanee, traduzidas com o sentido de Deus tomando a alma de Jesus na morte, ocorrem ao longo do Alcorão para descrever o ato de Deus ou Seus Anjos tomarem as almas das pessoas quando morrem. Assim, o Alcorão afirma que Jesus efetivamente morreu, atribuindo sua morte à Vontade de Deus e não às atividades de seus inimigos. Neste sentido, Todd Lawson observa:

Retornando ao nosso teórico leitor, eles podem manter a visão de que, qualquer que seja o ELES, é claro que foi Deus, Ele mesmo, quem determinou um assunto tão importante quanto o destino de seu Filho. Assim, mesmo que para todas as aparências externas ELES tenham realmente MATADO E CRUCIFICADO Jesus, isso foi feito apenas através do trabalho misterioso elaborado pela Vontade de Deus, e ao que os muçulmanos referem-se como a permissão divina (idhri), sendo que ELES não tiveram força sobre esse assunto: 'apenas lhes pareceu assim'.

Parece imediatamente que afirmar a Crucificação de Jesus entra em contradição com a negativa corânica "(...) não sendo, na realidade, certo que o mataram, nem o crucificaram, mas o confundiram com outro." (Alcorão 4:157) Uma das chaves para entender a interpretação Ismailita desse verso é o conceito de nasut (natureza humana) e lahut (natureza divina). Para as escolas esotéricas do Islã, como o Sufismo e Ismailismo, a pessoa do Profeta ou do Imam possuem duas naturezas distintas ou camadas de ser. A primeira é sua natureza humana, chamada nasut, e a segunda é a sua natureza divina ou celestial, chamada de lahut. A natureza divina (lahut) é o Intelecto Universal (al-'aql al-kull) o qual também é chamado de Luz de Muhammad (nur Muhammad) ou Luz do Imamato (nur al-imamah), sendo a Luz (nur) o que se manifesta na alma sutil do Profeta ou Imam. A nasut (natureza humana) do Profeta ou Imam é seu corpo físico, o qual meramente serve de "cobertura" para a alma sutil e não é a essência de sua personalidade. É nesse sentido que Ikhwan al-Safa utilizou a palavra nasut em sua citação acima. No tocante a essas duas naturezas do ser presentes no Profeta Muhammad, o filósofo islâmico contemporâneo Seyyed Hossein Nasr escreveu:

O Profeta possuiu eminentemente e em perfeição tanto a natureza humana (nasut) quanto a espiritual (lahut). Assim, nunca houve incarnação do lahut no nasut, uma perspectiva que o Islã não aceita. O Profeta possuiu essas duas naturezas e por essa razão que seu exemplo tornou possível a presença do caminho espiritual no Islã.

O nasut e o lahut seriam duas naturezas distintas ou camadas do ser; elas não se misturam mas existem, sem confusão, em união. Jesus, sendo um dos grandes Profetas do Islã, também possuiria as duas naturezas. Os Ismailitas estão aptos tanto a confirmar quanto a negar a Crucificação de Cristo de acordo com essa dualidade: foi apenas o corpo físico ou o nasut de Jesus que foi para a Cruz; a realidade divina ou lahut de Cristo não foi afetada, e nunca poderia ser, pela morte. A alma sutil de Cristo e a Luz (nur) manifesta através dele nunca poderiam ser crucificadas. O filósofo Ismailita al-Mu'ayyad, de modo a apoiar a posição de que Cristo nunca poderia morrer na realidade, citou o seguinte versículo corânico:

E não creias que aqueles que sucumbiram pela causa de Allah estejam mortos; ao contrário, vivem, agraciados, ao lado do seu Senhor. (Alcorão 3:169)
No mesmo sentido, um texto Ismailita anônimo afirma:
A alma imaterial e o Templo Sublime da Luz não podem ser mortos ou crucificados, nem assassinados. Aquilo que morre é apenas a "cobertura superficial" do corpo feito carne e sangue, o que nada mais é do que uma representação externa (mithal) do imaterial Templo de Luz.
Assim, Jesus, no tocante à sua alma pura e realidade essencial - a Luz (nur) de Deus - não morreu na realidade ('ala haqiqah). A imutabilidade e o inefável da Luz de Deus (nur Allah), manifesta nos Profetas e Imams, é relatada no seguinte versículo corânico:
Desejam em vão extinguir a Luz de Allah com as suas bocas; porém, Allah nada permitirá e aperfeiçoará a Sua Luz, ainda que isso desgoste os incrédulos. (Alcorão 9:32)
A ideia de que Cristo possua duas naturezas não é estranha ao Cristianismo. Enquanto as escolas de pensamento e mistiticismo islâmicos falam em nasut e lahut, o cristianismo tradicional vê o Cristo tanto como completamente humano quanto completamente divino. Não obstante as diferenças teológicas, não é difícil perceber que o nasut e lahut do pensamento islâmico correspondem as naturezas humana e divina do cristianismo tradicional. Isso é deixado claro na Bíblia, particularmente no Evangelho de João, o qual claramente distingue entre as naturezas, histórica e eterna, do Cristo. Por exemplo, quando o Cristo disse para o povo, "Antes de Abraão, eu sou" (João 8:58), as palavras "eu sou" pertencem às naturezas eterna e divina do Cristo, sendo que os muçulmanos as chamam de lahut e os cristãos chamam de Logos ou Verbo. O Alcorão relata sobre o lahut, ou natureza divina, do Cristo quando se refere a ele como a Palavra (kalimah) e Espírito (ruh) de Deus. Todos os cristãos e muçulmanos poderiam prontamente concordar que o Cristo não pode ter sido assassinado ou crucificado enquanto a sua verdadeira realidade era a Palavra e o Espírito de Deus. Neste sentido, alguns pensadores muçulmanos contemporâneos como Mahmoud Ayoub estão de acordo, em sua generalidade, com a perspectiva Ismailita:
O Alcorão não está aqui falando de um homem, justiçado ou injustiçado como pode ter sido, mas sobre a Palavra de Deus que foi enviada à terra e que retornou para Deus. Assim, a negação do assassinato de Jesus é a negação do poder dos homens para eliminar ou destruir o Verbo divino, o qual é vitorioso para todo sempre.
O Filósofo Ismailita Abu Hatim al-Razi emprega uma aproximação hermenêutica mais interessante dos versículos corânicos sobre a crucificação, comparando-os a passagens das próprias palavras de Jesus, como registrado nos Evangelhos. Razi, refletindo a posição de seus colegas Ismailitas, esclarece sobre a dualidade do corpo e alma do Cristo. Para esclarecê-la, ele refere-se às seguintes palavras do Cristo:
Não tema aqueles que podem matar o corpo mas não a alma; ao invés, tema Àquele que pode destruir tanto a alma quanto o corpo no Inferno. (Evangelho de Mateus 10:28)
Refletindo a perspectiva pluralista e ecumênica do Islã Ismailita em geral, Razi cita a Bíblia para demonstrar que tanto o Alcorão quanto a Bíblia estão de acordo no tocante à morte e crucificação de Jesus. Tal aproximação contrasta com aquelas dos comentaristas corânicos que afirmam que o texto dos Evangelhos foram corrompidos (tahrif) - uma visão que, desde o começo, tende a desgastar a relação entre cristãos e muçulmanos. Para Razi, a diferença entre o Alcorão e a Bíblia repousa sobre a interpretação (ta'wil) e não sobre a mensagem essencial de cada texto. Razi refere-se ainda aos versículos corânicos 2:154 e 3:169-70, os quais ensinam que os mártires não estão realmente mortos, mas estão vivos com Deus, e conclui que Jesus foi morto apenas em corpo e não em alma. A seguinte citação da obra de Razi, A'lam al-Nubuwwah, mostra a reconciliação das passagens bíblicas e corânicas:

Um exemplo é encontrado no Evangelho (al-Injil) de João (Bushra Yuhana): "O Messias morreu em corpo (bi-al-jasad), enquanto está vivo em espírito (bi-al-ruh)." Então eles pensaram que aquele que morreu fisicamente foi liberto de seus pecados. E no Evangelho de Lucas (Bushra Luqa), diz-se "Eu digo a vocês, meus queridos amigos (awliya'i), não temam aqueles que matam o corpo e que não podem fazer mais do que isso..." e no Evangelho de Mateus (Bushra Matta) diz-se "Não tema aquele que mata o corpo mas não está apto a matar a alma; tema Àquele que pode tanto destruir a alma quanto lançar o corpo no fogo infernal"... Tais passagens dos Evangelhos são consistentes com o Alcorão nos termos do seu sentido real, uma vez que ambas as escrituras atestam que Jesus não poderia ser assassinado inteiramente, isso é, em corpo e alma.

O Alcorão, após afirmar que "eles não o mataram, nem o crucificaram" segue afirmando que "mas pareceu-lhes assim" (wa-lakin shubbiha lahum). Para Razi, a chave para solucionar toda a questão está no entendimento correto dessa frase. O que "parece" ter sido realmente crucificado foi apenas o corpo de Jesus - sua natureza humana (lahut) -, sendo que seus inimigos não poderiam crucificar sua alma. Então, Razi alcança uma reconciliação memorável entre as descrições da Crucificação de Jesus tanto no Alcorão quanto na Bíblia.

A posição Ismailita sobre a Crucificação pode ser sumarizada da seguinte forma:

· Historicamente, Jesus foi crucificado e morto; não havia "substituto";

· Aquilo que "lhes pareceu" (shubbiha lahum) como sendo crucificado foi precisamente o corpo e natureza humana (nasut) de Jesus;

· A alma de Cristo, como manifestação da natureza divina (lahut), não poderia ser morta e é disso que o Alcorão fala sobre quando afirma "eles não o mataram, nem o crucificaram";

· A Bíblia e o Alcorão estão, assim, em concordância sobre a Crucificação.

Tal entendimento da Crucificação aproxima as posições do Cristianismo e do Alcorão. Se os Alcorão não nega realmente a historicidade da crucificação de Jesus, então os Muçulmanos podem juntar-se a eles e reconhecer tal evento histórico, ainda que não atribuam a tal evento o mesmo significado teológico. Ao mesmo tempo, os Cristãos poderão concordar com o Alcorão e com os muçulmanos com o fato de que Jesus não morreu verdadeiramente e que a natureza divina do Cristo, como a Palavra de Deus, não pode ser morta. Tanto para Cristãos quanto para Muçulmanos, a Crucificação pode ser entendida como o desdobramento da Vontade de Deus na história humana; apesar da aparência externa, a Crucificação foi, na verdade, a vitória tanto de Jesus quanto de Deus. Isso é especialmente verdadeiro para os filósofos Ismailitas, para os quais a Crucificação possui uma especial importância esotérica (...).


[extraído de ANDANI, Khalil. "They killed him not": the crucifixion in shi'a Isma'ili Islam. Disponível em: <<http://themathesontrust.org/papers/islam/andani-crucifixion.pdf>> - tradução para fins didáticos por Muhammad F.; todas as citações do Alcorão foram extraídas de http://www.islamhouse.com/7/pt/pt/books/Tradu%C3%A7%C3%A3o_do_sentido_do_Nobre_Alcor%C3%A3o_para_a_l%C3%ADngua_portuguesa]



terça-feira, 11 de junho de 2013

Antecipação de postagem

Assalam alaikum.

Meus caros, amanhã teremos uma postagem antecipada sobre a visão ismailita da crucificação de Jesus. Muito interessante, diga-se de passagem. Os textos traduzidos do Mulla Nasrudin voltam quinta-feira. Obrigado!

Nasrudin (V)

"Ladrão! Ladrão! Alguém roubou o meu camelo!" gritava Nasrudin.

Finalmente quando a comoção aquietou-se, alguém disse "Mas Nasrudin, você não tem nenhum camelo!"

"Shhh..." disse Nasrudin. "Estou torcendo para que o ladrão não saiba disso e que devolva meu camelo."

[extraído de http://en.wikibooks.org/wiki/Sufism/Nasrudin - traduzido por Muhammad F.]

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Nasrudin (IV)

Um viajante, passando por uma cidade, deparou-se com um gigantesco cortejo funerário. Nasrudin permanecia em uma esquina, observando as pessoas passarem.

"Quem morreu?", o viajante questionou Nasrudin.

"Não estou certo", respondeu Nasrudin "mas acho que é aquele ali no caixão."

[extraído de http://en.wikibooks.org/wiki/Sufism/Nasrudin - tradução de Muhammad F.]

domingo, 9 de junho de 2013

Nasrudin (III)

Nasrudin estava com seus comparsas tomando um café:

Eles discutiam a morte: "Quando estiver em seu caixão e seus amigos e familiares estiverem lamentando sua partida, o que você gostaria de ouvi-los dizendo sobre você?"

O primeiro parceiro disse "Eu gostaria de ouvi-los dizendo que fui um dos grandes médicos de meu tempo, além de um excelente pai."

O segundo disse "Eu gostaria de ouvir que fui um excelente marido e professor, tendo feito uma grande diferença no amanhã de nossas crianças."

Nasrudin disse "Eu gostaria de ouvi-los dizendo... VEJA! ELE ESTÁ SE MEXENDO!"

[extraído de http://en.wikibooks.org/wiki/Sufism/Nasrudin - tradução de Muhammad F.]

sábado, 8 de junho de 2013

Nasrudin (II)

"Nasrudin, por que as pessoas riem de você?"

"Bem," disse Nasrudin, "pense em mim como um turbante. A natureza da risada não expõe a verdade. Se as pessoas rirem de si mesmas, sentir-se-ão nuas. Portanto, eu lhes sirvo de uma cobertura para a cabeça."

"Mas Nasrudin, elas continuam nuas!"

"Shhhh," disse Nasrudin, sorrindo...

[extraído de http://en.wikibooks.org/wiki/Sufism/Nasrudin - tradução de Muhammad F.]

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Nasrudin (I)

O juiz da corte de certa cidade entrou de férias. Pediram a Nasrudin que julgasse, temporariamente, naquele dia. Nasrudin sentou-se na cadeira do juiz, com um semblante sério, olhando os presentes: ordenou para iniciar-se a audiência do primeiro caso.

"Você está certo", disse Nasrudin depois de ouvir um dos lados.

"Você está certo", disse Nasrudin após ouvir o outro lado.

"Mas ambos não podem estar certos!", disse um dos presentes à audiência.

"Você está certo também", disse Nasrudin.

[extraído de http://en.wikibooks.org/wiki/Sufism/Nasrudin - tradução de Muhammad F.]

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Traduções sobre Nasrudin



Que a paz, as bençãos e a misericórdia de Deus estejam convosco.

A partir de amanhã, apresentarei alguns textos atribuídos ao Mulla Nasrudin. Espero que aprendam tanto quanto me diverti em traduzi-los. Obrigado!

Acusando alguém de infidelidade e rejeição



Narra-se que o Profeta (sas) disse: "Quando um homem diz a seu companheiro 'Oh, você é Kaafir', torna-se necessário enlaçar um dos dois. Se o homem que foi acusado de ser kaafir o é realmente, então ele deve ser um kaafir; do contrário, o que quer que o acusador tenha dito, retornará para ele."


Irmãos, certamente é um pecado prestar falso testemunho. Chamar alguém de kaafir ("descrente", "infiel"), sem que essa pessoa o seja, é uma forma de falso testemunho. No caso, só seria kaafir se pudéssemos ver seu coração. Podemos? Podemos ver o coração uns dos outros? Creio que somente Deus conhece o coração de seu fiel, assim como somente o coração de seu fiel pode conhecer Deus. Deste modo, não faz sentido acusar alguém de ser infiel, mesmo que essa pessoa seja de outra religião: no íntimo, em seu coração, não é possível saber qual sua verdadeira relação e crença para com o Criador. Assim, recomendo para vós e para mim mesmo que tenhamos misericórdia e paciência uns com os outros antes de acusarmos alguém de uma coisa tão grave - uma vez que não estamos pensando em termos de malefícios sociais, mas em termos de salvação da alma. Como o Profeta (sas) nos informou, essa fala pode nos retornar - e merecidamente. Certa vez ouvi dizer que é preciso se esforçar para sempre proferir palavras doces: um dia, pode ser que tenhamos que engolir uma a uma...

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Trechos de Religião para ateus, de Alain de Botton



Trechos atribuídos a Alain de Botton, do livro Religião para ateus (extraído de http://antesqueeudesista.blogspot.com.br/2012/02/religiao-para-ateus-de-alain-de-botton.html):


Ao relegar a esperança a uma esfera distante, a Igreja pôde adotar uma atitude particularmente perspicaz e não sentimental acerca da realidade terrena. Ela não supõe que a política poderia algum dia criar a justiça perfeita, que qualquer casamento poderia ser livre de conflitos ou discórdia, que o dinheiro poderia trazer segurança, que um amigo poderia ser leal para sempre ou, de maneira mais geral, que a Nova Jerusalém poderia ser construída em solo comum. Desde sua fundação, a religião tem mantido uma visão sóbria, de uma espécie que o mundo secular é covarde e sentimental demais para abraçar, a respeito das nossas chances de melhorar no que diz respeito aos fatos brutais das nossas naturezas corruptas.
Os seculares, neste momento da história, estão mais otimistas que os religiosos – certa ironia, dada a frequência com que os últimos têm sido ridicularizados pelos primeiros por sua aparente ingenuidade e credulidade. O desejo dos seculares por perfeição tem crescido tão intensamente a ponto de levá-los a imaginar que o paraíso pode ser realizado na terra após mais alguns anos de crescimento econômico e de pesquisas médicas. Sem nenhuma consciência evidente das contradições, eles conseguem ao mesmo tempo descartar de maneira brusca uma crença em anjos e confiar com sinceridade que os poderes combinados do Fundo Monetário Internacional, do establishment da pesquisa médica, do Vale do Silício e da política democrática podem curar os males da humanidade. 

A religião é, acima de tudo, um símbolo daquilo que nos ultrapassa e uma educação sobre as vantagens de reconhecer nossa insignificância. Tem simpatia natural com todos aqueles aspectos da existência que nos descentram: geleiras, oceanos, formas de vida microscópicas, recém-nascidos ou a ressonante linguagem do Paraíso perdido, de John Milton (“Arfando em tempestuosos torvelinos...”). Ser colocado no nosso devido lugar por algo maior e mais velho que nós não é uma humilhação; deveria ser aceito como um alívio em relação às esperanças insanamente ambiciosas que nutrimos para nossa vida.
A religião é mais astuta que a filosofia ao compreender que não basta apenas delinear tais ideias em livros. É claro que o ideal é que consigamos – tanto fiéis como infiéis – ver coisas sub specie aeternitatis o tempo inteiro, mas é quase certo que perderemos o hábito a menos que sejamos lembrados firme e consistentemente.
Uma das iniciativas mais perspicazes da religião tem sido a provisão de suvenires do transcendente, na oração matinal e no serviço semanal, no festival da colheita e no batismo, no Yom Kippur e no Domingo de Ramos. O mundo secular é desprovido de um ciclo equivalente de momentos durante os quais podemos ser instigados a imaginativamente sair da cidade terrena e recalibrar nossa vida de acordo com um conjunto de parâmetros mais amplo e cósmico.

Existe uma relação diabolicamente direta entre a importância de uma ideia e quão nervosos ficamos com a perspectiva de termos de pensar nela. Podemos ficar certos de que temos algo especialmente crucial com que lidar quando a própria noção de estar sozinho se torna intolerável. Por esse motivo, as religiões sempre foram enfáticas em recomendar a seus seguidores que observassem períodos de isolamento, por mais desconforto que eles a princípio possam provocar.

Precisamos de instituições para estimular e proteger aquelas emoções que estamos inclinados a cultivar, mas às quais, sem uma estrutura de apoio e um sistema de lembretes ativos, não dedicamos tempo porque somos distraídos e indisciplinados demais. 

terça-feira, 4 de junho de 2013

Narrativas xiitas sobre Jesus (IV)


É relatado que Ibn Abu Ya'fur disse, "Eu ouvi 'Abd Allah ('a) dizer: 'Os principais dentre os Profetas e Apóstolos são cinco, sendo eles possuidores da perseverança dentre os apóstolos, e são eles o eixo sobre o qual [os demais profetas] giram: Noé, Abraão, Moisés, Jesus e Muhammad, que a paz esteja com eles, seus descendentes e todos os demais Profetas'."

[extraído de http://www.al-islam.org/jesus_shiite_narrations/, Capítulo 3, item 10 - tradução de Muhammad F.]

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Narrativas xiitas sobre Jesus (III)


O Apóstolo de Deus ('s) disse: "Boas novas para vocês. [Repetiu essa frase três vezes] Como a comunidade da qual sou o primeiro há de perecer? Existem doze pessoas que me precedem, as quais são bem-aventuradas e possuem o entendimento, sendo Jesus, o filho de Maria, o último deles. Mas entre eles, os filhos da confusão irão perecer. Eles não são de mim e eu não sou deles.

[extraído de http://www.al-islam.org/jesus_shiite_narrations/, Capítulo 11, item 2 - tradução de Muhammad F.]

domingo, 2 de junho de 2013

Narrativas xiitas sobre Jesus (II)


Foi relatado que o Imam Sàdiq ('a) disse: "... Siga o Apóstolo de Allah e testemunhe aquilo que descende de Allah; e siga os Seus sinais de orientação, pois eles são sinais de confiabilidade e de atenção a Deus; e saibam que aquele que nega Jesus ('a), "o filho de Maria", e testemunha por todos os profetas mas não por ele, não crê." 

[extraído de http://www.al-islam.org/jesus_shiite_narrations/, Capítulo 3, item 1 - tradução de Muhammad F.]

sábado, 1 de junho de 2013

Narrativas xiitas sobre Jesus (I)


Foi relatado que Abu Ja'far ('a) disse "... então Allah comissionou Jesus para que testemunhasse que não há divindade além de Allah e para que recitasse o que Allah havia lhe enviado, e Ele lhe fez uma lei e um método. Então o Sábado, que comandou-se anteriormente para que fosse estritamente observado, foi abrogado, e, em sua generalidade, os caminhos e costumes que foram praticados foram aqueles trazidos por Moisés. Assim, aquele que não segue o caminho de Jesus será jogado no fogo por Allah, uma vez que todos os Profetas trouxeram [a mensagem de] que não se deve associar nada a Allah.    

[extraído de http://www.al-islam.org/jesus_shiite_narrations/, Capítulo 5, item 12 - tradução de Muhammad F.]

sexta-feira, 31 de maio de 2013

O rio da unicidade


O rio da unicidade revelou-se,
saciando desertos e terras abandonadas.
Se não nutrir seu coração com o amor de Deus,
Estará seco e sedento como aqueles desertos.

[atribuído ao Sheikh Sultan Bahu (1628-1691 E.C.), extraído de http://wahiduddin.net/sufi/sufi_poetry.htm#Uftade - tradução de Muhammad F.]

Gilbert Durand em seu indispensável O imagináio: ensaio acerca das ciências e da filosofia da imagem já utilizava da metáfora potamológica, argumentando em termos de bacias semânticas do imaginário, relatando os movimentos de mudança dos regimes imagéticos e apontando no sentido da confluência das imagens. Aparentemente, o caso é o mesmo com a questão do amor de Deus: ele une os sujeitos em um rio, independentemente de sua afluência. 

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Ditos esclarecedores da relação entre Muhammad e Jesus

Miniatura Persa de Jesus durante o Sermão da Montanha - extraído de http://www.eslam.de/begriffe/m/messias.htm

Nos primeiros ditos narrados nos capítulos de Muslim sobre os méritos de Jesus Cristo, Muhammad declara-se como o mais próximo e aparentado a Jesus entre toda a humanidade, tanto nesta vida quanto na próxima: "Profetas são irmãos na fé, tendo diferentes mães. A religião, entretanto, é uma só e não há Apóstolo entre nós (entre eu e Jesus Cristo)."

Elocuções paralelas podem ser encontradas em Bukhari  (Kitab al-abiya'), que acrescenta que para aquele que acredita em Jesus e então acredita em Muhammad, haverá uma recompensa dobrada.

De acordo com a lenda muçulmana, o Profeta instruiu seus Companheiros para guardarem um túmulo para Jesus, próximo a Muhammad, entre Abu Bakr e 'Umar, onde ele deveria ser enterrado juntamente com Muhammad, após sua volta à terra, e ressuscitaria com ele de uma sepultura na Ressurreição. Apesar deste dito estar de acordo com a ênfase da Suna na proximidade (espiritual) de Jesus e Muhammad, não está inclusa nas coleções de Bukhari e Muslim. Em fontes recentes, entretanto, ela aparece frequentemente. Que Jesus será enterrado pelos muçulmanos refere-se ao comentário do Qur'an por al-Tabari (morto em 923), que afirma que Jesus, em sua segunda vinda, "permaneceria na Terra tanto o quanto Deus quisesse - talvez por 40 anos. Então ele morreria e os muçulmanos rezariam sobre ele e o enterrariam". 

Tradições pertinentes à morte e sepultamento de Jesus após sua segunda vinda estão inclusas na popular coleção de Hadith Miskat al-Masabih, que foi iniciado no século XI por al-Baghawi e revisado no século XIV por al-Tibrizi. Com referências a Thirmidi, ele relata que "a descrição de Muhammad está escrita no Torah e também que Jesus, filho de Maria, será enterrado junto com ele. Abu Mawdud disse que um lugar para o túmulo restou na casa." 

Ele também inclui a seguinte fala, que é atribuída a Ibn al-Jauzi com referências ao Kitab al-wafa:
Jesus, filho de Maria, descerá para a terra, casará, terá filhos e permanecerá por quarenta anos, tempos após o qual ele morrerá e será enterrado juntamente comigo, em meu túmulo. Então Jesus, filho de Maria, e eu levantaremos da mesma sepultura entre Abu Bakr e 'Umar.
De acordo com o relato de Muhammad de sua viagem noturna e ascensão aos céus, Muhammad encontra Jesus no segundo ou terceiro céu, sendo exaltado, acima de Jesus, para o sétimo céu (cf. Muslim, Kitab al-iman e Bukhari, Kitab al-anbiya, assim como o seu Kitab bida' al halq e Kitab manaqib al-ansar).

[extraído de ODDBJøR, Leirvik. Images of Jesus Christ in Islam. Nova Iorque: Continuum, 2010. p.37-38. Extraído de http://books.google.com.br/books?hl=en&lr=&id=Gzd_I2AFswwC&oi=fnd&pg=PR5&dq=jesus+islamism&ots=l6BG-CsPV6&sig=MJW3PxXzLJI7xSnp0LFDYnsOcdY#v=onepage&q=jesus%20islamism&f=false; tradução para fins de divulgação e sem a transliteração dos termos árabes, por Muhammad F.]

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Práticas Sufi: Muraqaba (IV)


Tipos de Muraqaba

Existem muitos tipos de muraqaba que são praticadas em várias escolas Sufi e em diferentes partes do mundo. Segue abaixo uma lista daquelas mais comumente praticadas.

Muraqabas de nível iniciante
1. Muraqaba da luz
São comumente utilizadas para iniciante, ou para a cura de diversas doenças:
- Violeta.
- Índigo.
- Azul.
- Turquesa.
- Verde.
- Amarelo.
- Laranja.
- Rosa.
- Vermelho.
2. Ihsan.
3. Noor (Luz Invisível).
4. Haatif-e-Ghabi (Sons inaudíveis do Cosmos).
5. Nomes de Deus - para adquirir familiaridade com os atributos de Deus.
6. Allah (nome próprio de Deus) - nível final da Muraqaba dos nomes de Deus.

Muraqabas de nível intermediário
1. Maot (موت, morte) - para adquirir familiaridade com a vida após a Morte.
2. Qalb (قلب, coração) - para adquirir familiaridade com o Coração Espiritual.
3. Wahdat (وحده, Unidade) - para adquirir familiaridade com a razão por trás da unidade cósmica, i.e. a Vontade de Deus.
4. La (لا, nada, "coisa nenhuma") - para adquirir familiaridade com a privação material, ou universo não-material.
    Adam (pré-existência) - próximo nível da Muraqba do Nada.
5. Fana (فناء, aniquilação) - Aniquilação do Si-mesmo, para adquirir familiaridade com o alpha e o omega do Universo.

Muraqabas de alto nível
1. Tasawwur-e-Sheikh (تصور الشيخ, mente focada no mestre) - para facilitar a transferência de conhecimento espiritual do mestre para o aprendiz.
2. Tasawwur-e-Rasool (تصور الرسول, mente focada no Profeta) - para facilitar a transferência de Faiz (conhecimento arcano-espiritual) do Profeta para o estudante. O enfoque da mente é feito sobre Muhammad.
3. Tasawwur-e-zat-e-llahi (تصور الذات الإلاهي, mente focada em Deus) - com o auxílio desta muraqaba, o estudante experiencia o Tajalli-e-Zaat de Deus.


Referências

(fim da tradução)

[extraído de http://en.wikipedia.org/w/index.php?title=Muraqaba&oldid=555642232 - tradução de Muhammad F.]