segunda-feira, 20 de maio de 2013

Como as contas de um Tasbih


Que a paz, as bençãos e a misericórdia de Deus estejam convosco, do passado até o Dia do Juízo Final.

Não existe religião além do Islam. Nenhuma religião é possível senão o Islam. Digo isso pois entendo que o nome dessa religião significa "submissão", "paz", "obediência"; submissão e obediência à Vontade de Deus, Paz em sentido absoluto. Me questiono: é possível não ser submisso à Vontade de Deus? É possível desobedecer os desígnios divinos?

Muitos dirão que sim, que isso é uma decisão que o ser humano possui, ao basearem-se na questão do livre-arbítrio e da vontade humana. Certo, concordo que temos uma margem de manobra em relação a nossa vontade. O mesmo é válido para a Vontade de Deus? Deus pode o que quer, baste lhe dizer "Seja" e algo passa a ser. Não há escapatória em relação à Sua Vontade.

Como que podemos, então, acusar-nos uns aos outros de seguirmos algo que não leva a Deus? Não conhecemos o que se passa no coração uns dos outros. Temos, então, dois aspectos da realidade: o aparente (Zahir) e o interno (Batin). Como posso julgar que uma pessoa, seguindo uma religião diferentes, está equivocada quando o que tenho para observar são seus aspectos externos? O que há de interno, o que há em seu coração e o que está escondido como intenção por trás de suas ações: são todos fatores que não apreendo com a mesma facilidade.

Tal é o motivo por me irritar com os que dizem "Você já está salvo?" ou ainda "Você sabe que só existe uma religião verdadeira?" ou ainda "Você já aceitou Jesus?".

"Você já está salvo?" - essa é uma pergunta extremamente capciosa. O Dia do Juízo ainda não chegou. Minha salvação não está garantida, nem a sua, nem a de ninguém, excetuando-se a dos Profetas e de alguns poucos homens. O sujeito que acredita que reconhece quando alguém está salvo nada mais faz do que clamar ter o conhecimento que só cabe a Deus; pior ainda, quando considera que somente sua comunidade, a dos praticantes da mesma fé que professa, estará salva. Ora, Deus enviou milhares de mensageiros para a Humanidade. Toda a Humanidade tem a possibilidade de engendrar o bem e disseminar o amor. Seria uma pretensão imensa usurpar o Conhecimento de Deus. Essa manifestação externa, a do julgamento, deveria ser rejeitada em busca de uma aceitação interna, a da postura religiosa, quando lidamos com pessoas de uma religião diferente da nossa.

"Você sabe que só existe uma religião verdadeira?" - essa é uma pergunta que permite diferentes e divergentes respostas. Na verdade, acredito que existe uma única religião verdadeira e que é impossível viver fora dela (me perdoem os que não seguem nenhuma caminho): essa religião é o Islam. Ora, considero que um judeu pode ser islâmico, submetendo sua vontade à Vontade de Deus. Considero que um cristão pode ser islâmico, um budista, um umbandista, um hinduísta: a roupagem externa varia, mas a postura interna muitas vezes se encontra. No fim, mesmo não querendo ser, somos todos islâmicos, submisso à Vontade Divina. Assim, defendo os muçulmanos, pois são todos os humanos que existem. Concordando com isso ou não, pouco me importa, espero que compreendam esse raciocínio. Não digo que existem religiões falsas; incompletas podem existir (como as pseudo-religiões e os exoterismos de pacotilha). Percebam: minha afirmação é não existem religiões falsas, mas existe somente uma que é a verdadeira. Tenho aqui um dos princípios de meu respeito por todas as diferentes manifestações do sagrado.

"Você já aceitou Jesus?" - essa é uma questão que sofremos aqui no Brasil, constantemente, pelas pessoas que se julgam esclarecidas. Ora, Jesus não pediu aceitação dos homens que ressuscitou, nem dos homens que curou; apenas informou qual era sua missão. Aceitar Jesus não deveria ser um desafio: seus exemplos de vida são excelentes, sua trajetória é marcante. Divergimos, irmãos cristãos, em relação a algumas interpretações da vida desse grandioso homem? Sim. E agora, por que não continuarmos seguindo seu exemplo de paciência e virtude? Tenho a impressão que Jesus daria as mãos para qualquer pessoa nesse mundo, que sua humildade seria avessa a toda arrogância. Aceitei Jesus sim, do meu jeito. Assim como aceito muitas coisas. Claro, Jesus é extremamente diferente do restante das pessoas. Sugiro, somente, que não pense que sua aceitação de Jesus é a única possível.

Enfim, acredito que estamos todos conectados. Parece ser o Desejo de Deus que sejamos diversos e que vivamos juntos. Cada qual no seu lugar, separado, mas conectado; unido, mas ainda mantendo suas diferenças. Como as contas de um Tasbih, ou de um terço: cada uma ocupando seu espaço, mas ligadas pelo mesmo fio.

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