domingo, 30 de junho de 2013

Narrativas xiitas sobre Jesus (IX)


Foi dito a Jesus ('a) "Quem lhe instruiu?" Ele disse "Ninguém me instruiu. Vi a feiura da ignorância e, então, evitei-a."

[extraído de http://www.al-islam.org/jesus_shiite_narrations/, Capítulo 16, item 28 - tradução de Muhammad F.]

sábado, 29 de junho de 2013

Narrativas xiitas sobre Jesus (VIII)


Os discípulos questionaram Jesus ('a) "Indique-nos um feito pelo qual iremos entrar nO Jardim." Ele disse "Não fale nada." Ele disseram "Não podemos fazer isso." Ele respondeu "Então, não falem nada com a exceção daquilo que é bom."

[extraído de http://www.al-islam.org/jesus_shiite_narrations/, Capítulo 16, item 11 - tradução de Muhammad F.]

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Narrativas xiitas sobre Jesus (VII)


Um homem questionou Jesus ('a), o filho de Maria, "Quais das pessoas são as melhores?" Ele encheu  as mãos de terra e disse "Quais dessas é a melhor? As pessoas são criadas da terra, então as mais honoráveis delas são as mais preocupadas com Deus."

[extraído de http://www.al-islam.org/jesus_shiite_narrations/, Capítulo 16, item 6 - tradução de Muhammad F.]

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Narrativas xiitas sobre Jesus (VI)



Jesus ('a) foi questionado sobre as melhores pessoas. Ele disse "Aquele cuja fala contém a menção a Allah, cujo silêncio é contemplação e cuja visão seja admoestação."

[extraído de http://www.al-islam.org/jesus_shiite_narrations/, Capítulo 16, item 5 - tradução de Muhammad F.]

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Narrativas xiitas sobre Jesus (V)



Jesus ('a) disse aos seus discípulos "Satisfaça-se com pouco do mundo, enquanto sua religião está segura, do mesmo modo que pessoas deste mundo estão satisfeitas com pouco da religião, enquanto seu mundo está seguro; ame Allah afastando-se deles e deixe Allah satisfeito irritando-se com eles."

Os discípulos disseram "Oh, Espírito de Allah, então quem devemos ter em companhia?" Ele disse "Daquele que, ao olhar, lembrem-lhes de Allah, cuja fala aumenta-os em conhecimento e suas ações deixem-nos desejosos do outro mundo."

[extraído de http://www.al-islam.org/jesus_shiite_narrations/, Capítulo 16, item 1 - tradução de Muhammad F.]

terça-feira, 25 de junho de 2013

Gratidão (II)



A gratidão toma três formas - um sentimento no coração, a expressão em palavras e o dar em troca.



As coisas mais sem valor sob a Terra são estas quatro: chuva em um solo estéril, uma lamparina à luz do sol, uma bela mulher dada em casamento para um homem cego e um bom ato para o ingrato.


[extraído de WORTABET, John. Arabian wisdom: selections and translations from the arabic. [sem cidade]: Dodo Press, 1913 - tradução de Muhammad F.]

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Gratidão (I)


É ingrato a Deus aquele que é ingrato ao homem.

Aquele que é ingrato pelo pouco é ingrato pelo muito.

Deus mantém Suas bençãos para aquele que é grato.

Aquele que é ingrato pelo bem que recebe merece que o afastem dele.

O homem pode ser grato a Deus apenas na medida em que faz o bem para seus companheiros.

[extraído de WORTABET, John. Arabian wisdom: selections and translations from the arabic. [sem cidade]: Dodo Press, 1913 - tradução de Muhammad F.]

domingo, 23 de junho de 2013

Hadith Qudsi (V)


Da autoridade de Abu Hurayrah (que Allah esteja satisfeito com ele) do Profeta (que a paz e as benção de Deus estejam sobre ele), que disse:
Allah (poderoso e sublime Ele é) disse:
"Dê (em caridade), oh filho de Adão, que eu dispenderei com você."
[extraído de http://www.guidedways.com/qudsihadith.php?hadith=11 - tradução de Muhammad F.] 

sábado, 22 de junho de 2013

Hadith Qudsi (IV)


Da autoridade de Abu Hurayrah (que Allah esteja satisfeito com ele) vinda do Profeta (que a paz e as bençãos de Allah estejam sobre ele), que disse:
Allah (poderoso e sublime Ele é) disse:
"O jejum é Meu e Sou Eu quem o recompensa. [O homem] abre mão de sua paixão sexual, sua comida e sua bebida por Minha causa." O jejum é como um escudo e aquele que jejua tem duas alegrias: uma quando encerra seu jejum e outra quando encontrar seu Senhor. A mudança no hálito daquele que jejua é melhor na estima de Allah do que o cheiro do almíscar.
[extraído de http://www.guidedways.com/qudsihadith.php?hadith=10 - tradução de Muhammad F.] 
 

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Hadith Qudsi (III)


Da autoridade de Abu Hurayrah (que Allah esteja satisfeito com ele), que disse que o Mensageiro de Allah (que a paz e as benção de Allah esteja sobre ele) disse:
Allah (glorificado e exaltado Seja) disse:
Sou tão auto-suficiente que não tenho a necessidade de ter associados. Assim, aquele que faz uma ação para outrem como se fosse para Mim, terá tal ação renunciada, por Mim, para aquele que foi associado a Mim.
[extraído de http://www.guidedways.com/qudsihadith.php?hadith=5 - tradução de Muhammad F.] 

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Hadith Qudsi (II)


Da autoridade de Abu Hurayrah (que Allah esteja satisfeito com ele), que disse que o Mensageiro de Allah (que a paz e as bençãos de Allah estejam com ele) disse:
Allah disse:
Os filhos de Adão injuriam contra [as vicissitudes d]o Tempo, e Eu sou o Tempo, em Minhas mãos estão a noite e o dia.
[extraído de http://www.guidedways.com/qudsihadith.php?hadith=4 - tradução de Muhammad F.]

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Hadith Qudsi (I)


Da autoridade de Abu Hurayrah (que Allah esteja satisfeito com ele), que disse que o Mensageiro de Allah (a paz e as bençãos de Allah estejam sobre ele) disse:
Quando Allah decretou a Criação, Ele prometeu, escrevendo em Seu livro que repousa com Ele, que "Minha misericórdia prevalecerá sobre Minha ira."
[extraído de http://www.guidedways.com/qudsihadith.php?hadith=1 - tradução de Muhammad F.]

terça-feira, 18 de junho de 2013

Nota sobre filosofia perene


(...) todas as religiões em suas formas originais contém as dimensões exotérica e esotérica. O exotérico (doutrinas, ritos e leis da religião) provém o fiel dos meios de salvação para a próxima vida. Aqueles que desejam ver Deus aqui e agora devem ingressar no caminho iniciático e espiritual, o qual é sinônimo de esoterismo. O erro de muitos no Ocidente (que são frequentemente encorajados por falsos professores do Oriente) está na tentativa de praticar o esoterismo sem as doutrinas, ritos e leis essenciais de uma tradição particular, que provém dos fundamentos e da proteção necessários para aqueles que estão no caminho espiritual. Não devemos confundir a filosofia perene ou a unidade transcendente das religiões com uma falsa uniformidade, que despe todas as religiões de suas doutrinas e métodos, únicos, que fazem com que a jornada para o Um seja possível. Outrossim, é apenas no nível esotérico que as religiões começam a convergir e finalmente encontram-se no Princípio comum. Apenas o gnóstico que teve o coração iluminado pelo conhecimento sagrado, o qual é a meta do esoterismo, pode penetrar na sua própria forma religiosa e na de outros e perceber a Única Verdadeira Realidade que revela a si mesma através de todas as religiões ortodoxas, na natureza e no coração do homem.

[extraído de MARKWITH, Zachary. Muslim intelectuals and the Perennial Philosophy in the Twentieth Century. Disponível em  http://www.irip.ir/Home/Single/1420. Tradução de Muhammad F.]

segunda-feira, 17 de junho de 2013

O Segredo Aberto - Tony Parsons


Que a paz, as bençãos e a misericórdia de Deus estejam convosco.

No site http://mestresiluminados.blogspot.com.br/2012/04/eu-sou.html, encontramos um trecho muito interessante do livro O segredo aberto de Tony Parsons. O que dizer de um livro tão forte?

Primeiro, é de uma leitura simples. Sim, em menos de uma hora é possível lê-lo, sendo possível meditar dias e dias seguidos sobre as coisas lidas. Extremamente simples... A percepção do autor de que já estamos na presença (A Presença) realizar uma leitura extremamente misericordiosa da humanidade. É uma percepção extremamente sábia a de que todos somos herdeiros da presença. Isso implica que viver no presente é uma oportunidade única, algo maravilhoso.

A mensagem de Tony Parsons é uma mensagem frutífera para todos os que estão no caminho. Ao menos é essa a impressão que passa para alguém que procura. Mesmo o ato de procurar é problematizado por Tony Parsons, que apresenta uma solução elegante: o que fazer? Questão extremamente simples, com uma excelente resposta: o melhor.

Deus me perdoe por distorcer a leitura possível desse autor, de seu livro e de sua contribuição ao conhecimento provindo do coração. Fica minha dica de um excelentíssimo texto sobre o conhecimento que nosso século XX produziu, de uma percepção Ocidental que não se restringe ao seu locus de origem...

P.S.: até o presente momento, não encontrei esse livro para vender; até o site da Editora Iluminatta não registra o livro...

domingo, 16 de junho de 2013

O que fazer pelo oprimido e pelo opressor?


O Profeta Muhammad (que a paz e as benção de Deus estejam com ele) disse:

"Ajude seu irmão, quer ele seja um opressor, quer seja um oprimido." Foi questionado ao Profeta: "É correto ajudá-lo se ele é oprimido, mas como devemos ajudá-lo se ele for um opressor?" Ele respondeu: "Prevenindo-o de oprimir os outros."

{Sahih Bukhari, Volume 3, Hadith 624}

Nasrudin (IX)

O dervixe Nasrudin ingressou em uma recepção formal e sentou-se na cadeira principal, a mais elegante. O Capitão da Guarda aproximou-se e disse: "Senhor, tais lugares são reservados para os convidados de honra."

"Oh, mas eu sou mais do que um mero convidado", confidenciou-lhe Nasrudin.

"Ah, então és um diplomata?"

"Muito além disso!"

"Sério? Então és um ministro, talvez?"

"Não, maior do que isso também."

"Oh! Então deve ser o próprio Rei, senhor", disse-lhe o Chefe, sarcasticamente.

"Maior do isso!"

"O que? Maior do que o Rei?! Ninguém é maior do que o Rei nesta vila!"

"Chegou onde queria. Eu sou Ninguém!", disse Nasrudin.

[extraído de http://en.wikibooks.org/wiki/Sufism/Nasrudin - tradução de Muhammad F.]

sábado, 15 de junho de 2013

Nasrudin (VIII)

"Nasrudin, sua religião é ortodoxa?"

Respondeu-lhe Nasrudin "Depende de qual bando de hereges está no poder."

[extraído de http://en.wikibooks.org/wiki/Sufism/Nasrudin - tradução de Muhammad F.]

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Nasrudin (VII)

Os três sábios do rei acusavam Nasrudin de heresia; assim, ele foi trazido à presença do rei para ser julgado.

Em sua defesa, Nasrudin perguntou aos sábios, "Oh, homens de conhecimento, o que é o pão?"

O primeiro sábio disse "Pão é sustento, comida."

O segundo disse "Pão é a mistura de farinha e água exposta ao calor do fogo."

O terceiro disse "Pão é uma dádiva de Deus."

Nasrudin disse ao rei "Vossa Alteza, como podes acreditar nestes homens? Não lhe parece estranho que não consigam entrar em acordo sobre a natureza de algo que comem todos os dias enquanto são unânimes em me declararem herege?"

[extraído de http://en.wikibooks.org/wiki/Sufism/Nasrudin - tradução de Muhammad F.]

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Nasrudin (VI)

O Mulla gabava-se por sua força; mesmo tendo envelhecido, ela não tinha diminuído.

"Eu sou tão forte quanto quando era jovem." "Como pode ser isso?", perguntaram-lhe.

"Existe uma grande pedra do lado de fora da minha casa. Eu não poderia movê-la no passado, bem como não posso mexê-la agora!", disse o Mulla.

[extraído de http://en.wikibooks.org/wiki/Sufism/Nasrudin - tradução de Muhammad F.] 

quarta-feira, 12 de junho de 2013

A visão ismaelita da crucificação



E não creiais que aqueles que sucumbiram pela causa de Allah estejam mortos; ao contrário, vivem, agraciados, ao lado do seu Senhor. (Alcorão 3:169)

Todos os muçulmanos reconhecem Jesus como um grande Profeta e Mensageiro de Deus. Como nos Evangelhos, o Alcorão se refere a Jesus como o Messias ou o Cristo (al-Masih), enviado para os Filhos de Israel, seguindo os passo de Moisés e dos Profetas hebraicos. Interessantemente, o Alcorão também se refere a Jesus como Palavra de Deus (kalimat) e Espírito de Deus (ruh) soprado na Virgem Maria. No Islã em geral e no pensamento ismailita, em particular, Jesus e sua missão são de grande importância, uma vez que ele é o precursor e antecessor de Muhammad, o Selo dos Profetas.

Jesus ocupa uma proeminente posição na Filosofia Ismailita, na qual ele é lembrado como sendo um dos "Possuidores da Resolução" (ulu'l-azam) e um Profeta da Fala ou Proclamador (Natiq), tendo existido somente seis destes (Adão, Noé, Abraão, Moisés, Jesus, Muhammad). Em todo Ciclo da Profecia, Jesus representa o aspecto solar ou esotérico da Profecia, conhecido comowalayah, sendo sua função revelar o conteúdo esotérico (batin) da lei (shari'ah) de Moisés, completando seu propósito último. Não é, então, algo surpreendente vermos o porque de muitos filósofos ismailitas dedicarem grande atenção à figura de Jesus, sua missão e o significado esotérico de vários símbolos e eventos em sua vida.

Na Filosofia Ismailita, cada grande Profeta ou Natiq (Proclamador) é o locus da manifestação (mazhar) do Intelecto Universal. Em muitas formas da Gnose islâmica e da Filosofia, incluindo o pensamento Ismailita, o Intelecto Universal (al-'aql al-kull) é o primeiro ser originado diretamente de Deus, enquanto o resto da Criação foi criado através desse Intelecto Universal. Isso é evidente em muitos hadiths, aceitos tanto por sunitas quanto xiitas, onde o Profeta mesmo afirma que "a primeira coisa criada por Deus foi Intelecto ('aql)." De acordo com o Imam Ja'far al-Sadiq, este Intelecto é a Luz primordial que manifesta-se no Profeta Muhammad e no primeiro Imam, 'Ali ibn Abi Talib:

Dois mil anos antes da criação, Muhammad e 'Ali eram uma Luz (nur) perante Deus.
Em outro hadith, o Imam descreve o Intelecto ('aql) como a primeira entidade espiritual a ser criada da Luz de Deus:
Deus - seja Ele glorificado e exaltado - criou o Intelecto ('aql) primeiro dentre as entidades espirituais. Ele tirou-o do lado direito de Seu trono, fazendo-o proceder da Sua própria Luz.
No pensamento Ismailita, Deus transcende todos atributos, descrições e nomes, incluindo as categorias de ser e não-ser, unidade e multiplicidade e mesmo de existência e não-existência. Na visão global da metafísica ismailita, todos os atributos e qualidades de grandeza, majestade e perfeição, particularmente aqueles de natureza antropomórfica, relacionam-se ao Intelecto Universal a não aO Próprio Deus, O qual absolutamente transcende tais qualidades. O Intelecto Universal abarca todos atributos divinos, toda a existência dentro de si mesmo e é, tecnicamente falando, a "Causa Primeira" e o "Ser Necessário" (wajib al-wujud) da hierarquia onto-cosmológica da qual se origina o mundo físico. A pessoa do Proclamador (Natiq) e sua descendência linear, o Imam, é olocus da manifestação (mazhar) do Intelecto Universal - do mesmo modo que um espelho reflete um objeto sem realmente conter ou encarnar tais objetos. Henry Corbin referiu-se a esse grupo de conceitos como "Imamologia"; de acordo com ele, a figura do Profeta e do Imam possuem duas naturezas distintas ou camadas de existência - uma natureza humana, criada, e uma natureza divina, eterna. A Imamologia torna-se relevante na compreensão da "cristologia" Ismailita, fornecendo os elementos, aos muçulmanos ismailitas, para compreender a crucificação.

Muitos filósofos ismailitas do décimo e do décimo primeiro séculos comentaram sobre a crucificação, incluindo Ikhwan al-Safa, Ja'far ibn Mansur Al-Yaman, Abu Hatim al-Razi, Abu Yaqub al Sijistani e al-Mu'ayyad fi'l-Din al-Shirazi. Todos eles estão de acordo em afirmarem a historicidade da Crucificação, confirmando mesmo que foi Jesus mesmo, de fato, quem foi crucificado e não um substituto como afirmado por muitos outros comentadores do Alcorão.

Para al-Mu'ayyad fi'l-Din al-Shirazi, negar a historicidade da Crucificação é contradizer um fato histórico estabelecido pelo testemunho de duas das maiores comunidades religiosas, Judeus e Cristãos. Mesmo o proeminente teólogo sunita al-Ghazali eventualmente veio a afirmar a Crucificação, provavelmente tendo apreendido isso de fontes Ismailitas. Ikhwan al-Safa chega mesmo a narrar toda a estória da Crucificação de Jesus em suas epístolas, como segue:

Então, no dia seguinte, Jesus apareceu para as pessoas e convocou-as e rezou para elas até que ele foi preso e levado para o Rei dos banu isra'il. O rei ordenou sua crucificação, então seu nasut (corpo físico) foi crucificado e suas mãos foram pregadas à cruz de madeira, permanecendo assim da manhã até a tarde. E ele pediu por água, mas lhe deram vinagre para beber. Então ele foi perfurado com uma lança e enterrado próximo à cruz, enquanto quarenta tropas guardavam sua tumba. E tudo isso aconteceu na presença de seus discípulos. Quando eles o viram, souberam que era ele COM CERTEZA e ele não os comandou para que DIVERGISSEM SOBRE ISSO. Então eles se reuniram três dias depois em um lugar. E Jesus apareceu para eles, e eles viram as características que lhes eram conhecidas. As novas, de que o Messias não foi morto, foram divulgadas entre os banu isra'il. Então a tumba foi aberta e o nasut (corpo físico) não foi encontrado. Assim, as tropas DIVERGIRAM ENTRE ELES e, certamente, muito tagarelou-se sem sentido, sendo que a estória complicou-se.

Os Ismailitas então afirmam que Jesus morreu no sentido convencional - seu corpo físico foi crucificado e morto. De fato, o Alcorão confirma em outros versículos que Jesus morreu e que sua morte não foi de acordo com os desejos de seus inimigos, mas devido à Vontade de Deus:

E quando Allah disse: Ó Jesus, por certo que porei termo à tua estada na terra[mutawaffeeka]; ascender-te-ei até Mim e salvar-te-ei dos incrédulos, fazendo prevalecer sobre eles os teus prosélitos, até ao Dia da Ressurreição. Então, a Mim será o vosso retorno e julgarei as questões pelas quais divergis. (Alcorão 3:55)
E recorda-te de que quando Allah disse: Ó Jesus, filho de Maria! Foste tu que disseste aos homens: Tomai a mim e minha mãe por duas divindades, em vez de Allah? Respondeu: Glorificado sejas! É inconcebível que eu tenha dito o que por direito não me corresponde. Se o tivesse dito, tê-lo-ias sabido, porque Tu conheces a natureza da minha mente, ao passo que ignoro o que encerra a Tua. Somente Tu és Conhecedor do desconhecido. Não lhes disse senão o que me ordenaste: Adorai a Allah, meu Senhor e vosso! E enquanto permaneci entre eles, fui testemunha conta eles; e quando quiseste encerrar os meus dias na terra [tawaffaytanee], foste Tu o seu Único observador, porque és Testemunha de tudo. (Alcorão 5:116-117)

As palavras em árabe utilizadas acima, mutawaffeeka e tawaffaytanee, traduzidas com o sentido de Deus tomando a alma de Jesus na morte, ocorrem ao longo do Alcorão para descrever o ato de Deus ou Seus Anjos tomarem as almas das pessoas quando morrem. Assim, o Alcorão afirma que Jesus efetivamente morreu, atribuindo sua morte à Vontade de Deus e não às atividades de seus inimigos. Neste sentido, Todd Lawson observa:

Retornando ao nosso teórico leitor, eles podem manter a visão de que, qualquer que seja o ELES, é claro que foi Deus, Ele mesmo, quem determinou um assunto tão importante quanto o destino de seu Filho. Assim, mesmo que para todas as aparências externas ELES tenham realmente MATADO E CRUCIFICADO Jesus, isso foi feito apenas através do trabalho misterioso elaborado pela Vontade de Deus, e ao que os muçulmanos referem-se como a permissão divina (idhri), sendo que ELES não tiveram força sobre esse assunto: 'apenas lhes pareceu assim'.

Parece imediatamente que afirmar a Crucificação de Jesus entra em contradição com a negativa corânica "(...) não sendo, na realidade, certo que o mataram, nem o crucificaram, mas o confundiram com outro." (Alcorão 4:157) Uma das chaves para entender a interpretação Ismailita desse verso é o conceito de nasut (natureza humana) e lahut (natureza divina). Para as escolas esotéricas do Islã, como o Sufismo e Ismailismo, a pessoa do Profeta ou do Imam possuem duas naturezas distintas ou camadas de ser. A primeira é sua natureza humana, chamada nasut, e a segunda é a sua natureza divina ou celestial, chamada de lahut. A natureza divina (lahut) é o Intelecto Universal (al-'aql al-kull) o qual também é chamado de Luz de Muhammad (nur Muhammad) ou Luz do Imamato (nur al-imamah), sendo a Luz (nur) o que se manifesta na alma sutil do Profeta ou Imam. A nasut (natureza humana) do Profeta ou Imam é seu corpo físico, o qual meramente serve de "cobertura" para a alma sutil e não é a essência de sua personalidade. É nesse sentido que Ikhwan al-Safa utilizou a palavra nasut em sua citação acima. No tocante a essas duas naturezas do ser presentes no Profeta Muhammad, o filósofo islâmico contemporâneo Seyyed Hossein Nasr escreveu:

O Profeta possuiu eminentemente e em perfeição tanto a natureza humana (nasut) quanto a espiritual (lahut). Assim, nunca houve incarnação do lahut no nasut, uma perspectiva que o Islã não aceita. O Profeta possuiu essas duas naturezas e por essa razão que seu exemplo tornou possível a presença do caminho espiritual no Islã.

O nasut e o lahut seriam duas naturezas distintas ou camadas do ser; elas não se misturam mas existem, sem confusão, em união. Jesus, sendo um dos grandes Profetas do Islã, também possuiria as duas naturezas. Os Ismailitas estão aptos tanto a confirmar quanto a negar a Crucificação de Cristo de acordo com essa dualidade: foi apenas o corpo físico ou o nasut de Jesus que foi para a Cruz; a realidade divina ou lahut de Cristo não foi afetada, e nunca poderia ser, pela morte. A alma sutil de Cristo e a Luz (nur) manifesta através dele nunca poderiam ser crucificadas. O filósofo Ismailita al-Mu'ayyad, de modo a apoiar a posição de que Cristo nunca poderia morrer na realidade, citou o seguinte versículo corânico:

E não creias que aqueles que sucumbiram pela causa de Allah estejam mortos; ao contrário, vivem, agraciados, ao lado do seu Senhor. (Alcorão 3:169)
No mesmo sentido, um texto Ismailita anônimo afirma:
A alma imaterial e o Templo Sublime da Luz não podem ser mortos ou crucificados, nem assassinados. Aquilo que morre é apenas a "cobertura superficial" do corpo feito carne e sangue, o que nada mais é do que uma representação externa (mithal) do imaterial Templo de Luz.
Assim, Jesus, no tocante à sua alma pura e realidade essencial - a Luz (nur) de Deus - não morreu na realidade ('ala haqiqah). A imutabilidade e o inefável da Luz de Deus (nur Allah), manifesta nos Profetas e Imams, é relatada no seguinte versículo corânico:
Desejam em vão extinguir a Luz de Allah com as suas bocas; porém, Allah nada permitirá e aperfeiçoará a Sua Luz, ainda que isso desgoste os incrédulos. (Alcorão 9:32)
A ideia de que Cristo possua duas naturezas não é estranha ao Cristianismo. Enquanto as escolas de pensamento e mistiticismo islâmicos falam em nasut e lahut, o cristianismo tradicional vê o Cristo tanto como completamente humano quanto completamente divino. Não obstante as diferenças teológicas, não é difícil perceber que o nasut e lahut do pensamento islâmico correspondem as naturezas humana e divina do cristianismo tradicional. Isso é deixado claro na Bíblia, particularmente no Evangelho de João, o qual claramente distingue entre as naturezas, histórica e eterna, do Cristo. Por exemplo, quando o Cristo disse para o povo, "Antes de Abraão, eu sou" (João 8:58), as palavras "eu sou" pertencem às naturezas eterna e divina do Cristo, sendo que os muçulmanos as chamam de lahut e os cristãos chamam de Logos ou Verbo. O Alcorão relata sobre o lahut, ou natureza divina, do Cristo quando se refere a ele como a Palavra (kalimah) e Espírito (ruh) de Deus. Todos os cristãos e muçulmanos poderiam prontamente concordar que o Cristo não pode ter sido assassinado ou crucificado enquanto a sua verdadeira realidade era a Palavra e o Espírito de Deus. Neste sentido, alguns pensadores muçulmanos contemporâneos como Mahmoud Ayoub estão de acordo, em sua generalidade, com a perspectiva Ismailita:
O Alcorão não está aqui falando de um homem, justiçado ou injustiçado como pode ter sido, mas sobre a Palavra de Deus que foi enviada à terra e que retornou para Deus. Assim, a negação do assassinato de Jesus é a negação do poder dos homens para eliminar ou destruir o Verbo divino, o qual é vitorioso para todo sempre.
O Filósofo Ismailita Abu Hatim al-Razi emprega uma aproximação hermenêutica mais interessante dos versículos corânicos sobre a crucificação, comparando-os a passagens das próprias palavras de Jesus, como registrado nos Evangelhos. Razi, refletindo a posição de seus colegas Ismailitas, esclarece sobre a dualidade do corpo e alma do Cristo. Para esclarecê-la, ele refere-se às seguintes palavras do Cristo:
Não tema aqueles que podem matar o corpo mas não a alma; ao invés, tema Àquele que pode destruir tanto a alma quanto o corpo no Inferno. (Evangelho de Mateus 10:28)
Refletindo a perspectiva pluralista e ecumênica do Islã Ismailita em geral, Razi cita a Bíblia para demonstrar que tanto o Alcorão quanto a Bíblia estão de acordo no tocante à morte e crucificação de Jesus. Tal aproximação contrasta com aquelas dos comentaristas corânicos que afirmam que o texto dos Evangelhos foram corrompidos (tahrif) - uma visão que, desde o começo, tende a desgastar a relação entre cristãos e muçulmanos. Para Razi, a diferença entre o Alcorão e a Bíblia repousa sobre a interpretação (ta'wil) e não sobre a mensagem essencial de cada texto. Razi refere-se ainda aos versículos corânicos 2:154 e 3:169-70, os quais ensinam que os mártires não estão realmente mortos, mas estão vivos com Deus, e conclui que Jesus foi morto apenas em corpo e não em alma. A seguinte citação da obra de Razi, A'lam al-Nubuwwah, mostra a reconciliação das passagens bíblicas e corânicas:

Um exemplo é encontrado no Evangelho (al-Injil) de João (Bushra Yuhana): "O Messias morreu em corpo (bi-al-jasad), enquanto está vivo em espírito (bi-al-ruh)." Então eles pensaram que aquele que morreu fisicamente foi liberto de seus pecados. E no Evangelho de Lucas (Bushra Luqa), diz-se "Eu digo a vocês, meus queridos amigos (awliya'i), não temam aqueles que matam o corpo e que não podem fazer mais do que isso..." e no Evangelho de Mateus (Bushra Matta) diz-se "Não tema aquele que mata o corpo mas não está apto a matar a alma; tema Àquele que pode tanto destruir a alma quanto lançar o corpo no fogo infernal"... Tais passagens dos Evangelhos são consistentes com o Alcorão nos termos do seu sentido real, uma vez que ambas as escrituras atestam que Jesus não poderia ser assassinado inteiramente, isso é, em corpo e alma.

O Alcorão, após afirmar que "eles não o mataram, nem o crucificaram" segue afirmando que "mas pareceu-lhes assim" (wa-lakin shubbiha lahum). Para Razi, a chave para solucionar toda a questão está no entendimento correto dessa frase. O que "parece" ter sido realmente crucificado foi apenas o corpo de Jesus - sua natureza humana (lahut) -, sendo que seus inimigos não poderiam crucificar sua alma. Então, Razi alcança uma reconciliação memorável entre as descrições da Crucificação de Jesus tanto no Alcorão quanto na Bíblia.

A posição Ismailita sobre a Crucificação pode ser sumarizada da seguinte forma:

· Historicamente, Jesus foi crucificado e morto; não havia "substituto";

· Aquilo que "lhes pareceu" (shubbiha lahum) como sendo crucificado foi precisamente o corpo e natureza humana (nasut) de Jesus;

· A alma de Cristo, como manifestação da natureza divina (lahut), não poderia ser morta e é disso que o Alcorão fala sobre quando afirma "eles não o mataram, nem o crucificaram";

· A Bíblia e o Alcorão estão, assim, em concordância sobre a Crucificação.

Tal entendimento da Crucificação aproxima as posições do Cristianismo e do Alcorão. Se os Alcorão não nega realmente a historicidade da crucificação de Jesus, então os Muçulmanos podem juntar-se a eles e reconhecer tal evento histórico, ainda que não atribuam a tal evento o mesmo significado teológico. Ao mesmo tempo, os Cristãos poderão concordar com o Alcorão e com os muçulmanos com o fato de que Jesus não morreu verdadeiramente e que a natureza divina do Cristo, como a Palavra de Deus, não pode ser morta. Tanto para Cristãos quanto para Muçulmanos, a Crucificação pode ser entendida como o desdobramento da Vontade de Deus na história humana; apesar da aparência externa, a Crucificação foi, na verdade, a vitória tanto de Jesus quanto de Deus. Isso é especialmente verdadeiro para os filósofos Ismailitas, para os quais a Crucificação possui uma especial importância esotérica (...).


[extraído de ANDANI, Khalil. "They killed him not": the crucifixion in shi'a Isma'ili Islam. Disponível em: <<http://themathesontrust.org/papers/islam/andani-crucifixion.pdf>> - tradução para fins didáticos por Muhammad F.; todas as citações do Alcorão foram extraídas de http://www.islamhouse.com/7/pt/pt/books/Tradu%C3%A7%C3%A3o_do_sentido_do_Nobre_Alcor%C3%A3o_para_a_l%C3%ADngua_portuguesa]



terça-feira, 11 de junho de 2013

Antecipação de postagem

Assalam alaikum.

Meus caros, amanhã teremos uma postagem antecipada sobre a visão ismailita da crucificação de Jesus. Muito interessante, diga-se de passagem. Os textos traduzidos do Mulla Nasrudin voltam quinta-feira. Obrigado!

Nasrudin (V)

"Ladrão! Ladrão! Alguém roubou o meu camelo!" gritava Nasrudin.

Finalmente quando a comoção aquietou-se, alguém disse "Mas Nasrudin, você não tem nenhum camelo!"

"Shhh..." disse Nasrudin. "Estou torcendo para que o ladrão não saiba disso e que devolva meu camelo."

[extraído de http://en.wikibooks.org/wiki/Sufism/Nasrudin - traduzido por Muhammad F.]

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Nasrudin (IV)

Um viajante, passando por uma cidade, deparou-se com um gigantesco cortejo funerário. Nasrudin permanecia em uma esquina, observando as pessoas passarem.

"Quem morreu?", o viajante questionou Nasrudin.

"Não estou certo", respondeu Nasrudin "mas acho que é aquele ali no caixão."

[extraído de http://en.wikibooks.org/wiki/Sufism/Nasrudin - tradução de Muhammad F.]

domingo, 9 de junho de 2013

Nasrudin (III)

Nasrudin estava com seus comparsas tomando um café:

Eles discutiam a morte: "Quando estiver em seu caixão e seus amigos e familiares estiverem lamentando sua partida, o que você gostaria de ouvi-los dizendo sobre você?"

O primeiro parceiro disse "Eu gostaria de ouvi-los dizendo que fui um dos grandes médicos de meu tempo, além de um excelente pai."

O segundo disse "Eu gostaria de ouvir que fui um excelente marido e professor, tendo feito uma grande diferença no amanhã de nossas crianças."

Nasrudin disse "Eu gostaria de ouvi-los dizendo... VEJA! ELE ESTÁ SE MEXENDO!"

[extraído de http://en.wikibooks.org/wiki/Sufism/Nasrudin - tradução de Muhammad F.]

sábado, 8 de junho de 2013

Nasrudin (II)

"Nasrudin, por que as pessoas riem de você?"

"Bem," disse Nasrudin, "pense em mim como um turbante. A natureza da risada não expõe a verdade. Se as pessoas rirem de si mesmas, sentir-se-ão nuas. Portanto, eu lhes sirvo de uma cobertura para a cabeça."

"Mas Nasrudin, elas continuam nuas!"

"Shhhh," disse Nasrudin, sorrindo...

[extraído de http://en.wikibooks.org/wiki/Sufism/Nasrudin - tradução de Muhammad F.]

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Nasrudin (I)

O juiz da corte de certa cidade entrou de férias. Pediram a Nasrudin que julgasse, temporariamente, naquele dia. Nasrudin sentou-se na cadeira do juiz, com um semblante sério, olhando os presentes: ordenou para iniciar-se a audiência do primeiro caso.

"Você está certo", disse Nasrudin depois de ouvir um dos lados.

"Você está certo", disse Nasrudin após ouvir o outro lado.

"Mas ambos não podem estar certos!", disse um dos presentes à audiência.

"Você está certo também", disse Nasrudin.

[extraído de http://en.wikibooks.org/wiki/Sufism/Nasrudin - tradução de Muhammad F.]

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Traduções sobre Nasrudin



Que a paz, as bençãos e a misericórdia de Deus estejam convosco.

A partir de amanhã, apresentarei alguns textos atribuídos ao Mulla Nasrudin. Espero que aprendam tanto quanto me diverti em traduzi-los. Obrigado!

Acusando alguém de infidelidade e rejeição



Narra-se que o Profeta (sas) disse: "Quando um homem diz a seu companheiro 'Oh, você é Kaafir', torna-se necessário enlaçar um dos dois. Se o homem que foi acusado de ser kaafir o é realmente, então ele deve ser um kaafir; do contrário, o que quer que o acusador tenha dito, retornará para ele."


Irmãos, certamente é um pecado prestar falso testemunho. Chamar alguém de kaafir ("descrente", "infiel"), sem que essa pessoa o seja, é uma forma de falso testemunho. No caso, só seria kaafir se pudéssemos ver seu coração. Podemos? Podemos ver o coração uns dos outros? Creio que somente Deus conhece o coração de seu fiel, assim como somente o coração de seu fiel pode conhecer Deus. Deste modo, não faz sentido acusar alguém de ser infiel, mesmo que essa pessoa seja de outra religião: no íntimo, em seu coração, não é possível saber qual sua verdadeira relação e crença para com o Criador. Assim, recomendo para vós e para mim mesmo que tenhamos misericórdia e paciência uns com os outros antes de acusarmos alguém de uma coisa tão grave - uma vez que não estamos pensando em termos de malefícios sociais, mas em termos de salvação da alma. Como o Profeta (sas) nos informou, essa fala pode nos retornar - e merecidamente. Certa vez ouvi dizer que é preciso se esforçar para sempre proferir palavras doces: um dia, pode ser que tenhamos que engolir uma a uma...

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Trechos de Religião para ateus, de Alain de Botton



Trechos atribuídos a Alain de Botton, do livro Religião para ateus (extraído de http://antesqueeudesista.blogspot.com.br/2012/02/religiao-para-ateus-de-alain-de-botton.html):


Ao relegar a esperança a uma esfera distante, a Igreja pôde adotar uma atitude particularmente perspicaz e não sentimental acerca da realidade terrena. Ela não supõe que a política poderia algum dia criar a justiça perfeita, que qualquer casamento poderia ser livre de conflitos ou discórdia, que o dinheiro poderia trazer segurança, que um amigo poderia ser leal para sempre ou, de maneira mais geral, que a Nova Jerusalém poderia ser construída em solo comum. Desde sua fundação, a religião tem mantido uma visão sóbria, de uma espécie que o mundo secular é covarde e sentimental demais para abraçar, a respeito das nossas chances de melhorar no que diz respeito aos fatos brutais das nossas naturezas corruptas.
Os seculares, neste momento da história, estão mais otimistas que os religiosos – certa ironia, dada a frequência com que os últimos têm sido ridicularizados pelos primeiros por sua aparente ingenuidade e credulidade. O desejo dos seculares por perfeição tem crescido tão intensamente a ponto de levá-los a imaginar que o paraíso pode ser realizado na terra após mais alguns anos de crescimento econômico e de pesquisas médicas. Sem nenhuma consciência evidente das contradições, eles conseguem ao mesmo tempo descartar de maneira brusca uma crença em anjos e confiar com sinceridade que os poderes combinados do Fundo Monetário Internacional, do establishment da pesquisa médica, do Vale do Silício e da política democrática podem curar os males da humanidade. 

A religião é, acima de tudo, um símbolo daquilo que nos ultrapassa e uma educação sobre as vantagens de reconhecer nossa insignificância. Tem simpatia natural com todos aqueles aspectos da existência que nos descentram: geleiras, oceanos, formas de vida microscópicas, recém-nascidos ou a ressonante linguagem do Paraíso perdido, de John Milton (“Arfando em tempestuosos torvelinos...”). Ser colocado no nosso devido lugar por algo maior e mais velho que nós não é uma humilhação; deveria ser aceito como um alívio em relação às esperanças insanamente ambiciosas que nutrimos para nossa vida.
A religião é mais astuta que a filosofia ao compreender que não basta apenas delinear tais ideias em livros. É claro que o ideal é que consigamos – tanto fiéis como infiéis – ver coisas sub specie aeternitatis o tempo inteiro, mas é quase certo que perderemos o hábito a menos que sejamos lembrados firme e consistentemente.
Uma das iniciativas mais perspicazes da religião tem sido a provisão de suvenires do transcendente, na oração matinal e no serviço semanal, no festival da colheita e no batismo, no Yom Kippur e no Domingo de Ramos. O mundo secular é desprovido de um ciclo equivalente de momentos durante os quais podemos ser instigados a imaginativamente sair da cidade terrena e recalibrar nossa vida de acordo com um conjunto de parâmetros mais amplo e cósmico.

Existe uma relação diabolicamente direta entre a importância de uma ideia e quão nervosos ficamos com a perspectiva de termos de pensar nela. Podemos ficar certos de que temos algo especialmente crucial com que lidar quando a própria noção de estar sozinho se torna intolerável. Por esse motivo, as religiões sempre foram enfáticas em recomendar a seus seguidores que observassem períodos de isolamento, por mais desconforto que eles a princípio possam provocar.

Precisamos de instituições para estimular e proteger aquelas emoções que estamos inclinados a cultivar, mas às quais, sem uma estrutura de apoio e um sistema de lembretes ativos, não dedicamos tempo porque somos distraídos e indisciplinados demais. 

terça-feira, 4 de junho de 2013

Narrativas xiitas sobre Jesus (IV)


É relatado que Ibn Abu Ya'fur disse, "Eu ouvi 'Abd Allah ('a) dizer: 'Os principais dentre os Profetas e Apóstolos são cinco, sendo eles possuidores da perseverança dentre os apóstolos, e são eles o eixo sobre o qual [os demais profetas] giram: Noé, Abraão, Moisés, Jesus e Muhammad, que a paz esteja com eles, seus descendentes e todos os demais Profetas'."

[extraído de http://www.al-islam.org/jesus_shiite_narrations/, Capítulo 3, item 10 - tradução de Muhammad F.]

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Narrativas xiitas sobre Jesus (III)


O Apóstolo de Deus ('s) disse: "Boas novas para vocês. [Repetiu essa frase três vezes] Como a comunidade da qual sou o primeiro há de perecer? Existem doze pessoas que me precedem, as quais são bem-aventuradas e possuem o entendimento, sendo Jesus, o filho de Maria, o último deles. Mas entre eles, os filhos da confusão irão perecer. Eles não são de mim e eu não sou deles.

[extraído de http://www.al-islam.org/jesus_shiite_narrations/, Capítulo 11, item 2 - tradução de Muhammad F.]

domingo, 2 de junho de 2013

Narrativas xiitas sobre Jesus (II)


Foi relatado que o Imam Sàdiq ('a) disse: "... Siga o Apóstolo de Allah e testemunhe aquilo que descende de Allah; e siga os Seus sinais de orientação, pois eles são sinais de confiabilidade e de atenção a Deus; e saibam que aquele que nega Jesus ('a), "o filho de Maria", e testemunha por todos os profetas mas não por ele, não crê." 

[extraído de http://www.al-islam.org/jesus_shiite_narrations/, Capítulo 3, item 1 - tradução de Muhammad F.]

sábado, 1 de junho de 2013

Narrativas xiitas sobre Jesus (I)


Foi relatado que Abu Ja'far ('a) disse "... então Allah comissionou Jesus para que testemunhasse que não há divindade além de Allah e para que recitasse o que Allah havia lhe enviado, e Ele lhe fez uma lei e um método. Então o Sábado, que comandou-se anteriormente para que fosse estritamente observado, foi abrogado, e, em sua generalidade, os caminhos e costumes que foram praticados foram aqueles trazidos por Moisés. Assim, aquele que não segue o caminho de Jesus será jogado no fogo por Allah, uma vez que todos os Profetas trouxeram [a mensagem de] que não se deve associar nada a Allah.    

[extraído de http://www.al-islam.org/jesus_shiite_narrations/, Capítulo 5, item 12 - tradução de Muhammad F.]