terça-feira, 23 de julho de 2013

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Que ledes vós no Livro?


Que ledes vós no Livro? Ledes os mandamentos para serem inscritos a ouro nas paredes e cúpulas dos templos? Ou para serem inscritos, como verdades vivas, no coração?

Ledes as doutrinas para serem ensinadas dos púlpitos e zelosamente defendidas com lógica, artifício ee linguagem e, se necessário for, com dinheiro e o gume das espadas? Ou ledes a vida, que não é uma doutrina para ser ensinada e defendida, mas um caminho a ser trilhado com a vontade de obter a Libertação, no templo ou fora dele, de noite ou de dia, nos lugares baixos tanto quanto nos altos? E enquanto não estiverdes nesse caminho e tiverdes certeza de seu fhm, como tereis a ousadia de convidar outros a trilhá-lo?

Ou ledes tabelas, mapas e listas de preços nos Livro, mostrando aos homens quanto de céu pode-se comprar em troca de tanto ou quanto desta terra?

Trapaceiros e agentes de Sodoma! Quereis vender o Céu aos homens e tomar em pagamento o quinhão que eles possuem da terra. Quereis fazer da terra uma gehenna e estimulai os homens a fugir, enquanto agarrai-vos a ela. Por que não os fazeis vender sua parte no Céu por uma parte na terra?

Se houvésseis lido bem vosso Livro, mostraríeis aos homens como fazer da terra um céu, pois aquele que tem um coração celeste, a terra é um céu, e para o homem que tem um coração terreno, o Céu é uma terra.

Tirai os véus que cobrem o Céu no coração dos homens, removendo as obstruções que há entre eles e seus irmãos na terra, entre o homem e todas as criaturas, entre o homem e Deus. Mas para isso, teríeis de possuir, vós mesmos, um coração celeste.

[Extraído de NAIMY, Mikhaïl. O livro de Mirdad. Lectorium Rosicrucianum: São Paulo, 1999. p.164-165.]

domingo, 21 de julho de 2013

A Sagrada Compreensão


Acreditai, ó monges, que nenhuma autoridade vale um piscar de olhos a não ser a da Sagrada Compreensão, que não tem preço. Para alcançá-la, nenhum sacrifício é excessivo. Uma vez conseguida, permanecerá convosco até o fim dos tempos e dará a vossas palavras maior poder do que aquele de que possam desfrutar todos os exércitos do mundo e abençoará vossas ações com maiores benefícios do que todas as autoridades, em conjunto, poderiam sonhar em trazer ao mundo.

Isto porque a Compreensão é seu próprio escudo; sua poderosa arma é o Amor. Não persegue nem tiraniza, mas cai como o orvalho, suavemente, sobre o árido coração humano, tanto para os que rejeitem suas bençãos, como para os que com ela se saciam; pois, consciente de sua força interna, jamais recorre à força externa e, não sendo presa do medo, não usa da intimidação como arma com que tente impor-se a qualquer ente humano.

[NAIMY, Mikhaïl. O livro de Mirdad. Lectorium Rosicrucianum: São Paulo, 1999. p.175]

sábado, 20 de julho de 2013

O Livro de Mirdad


Que a paz, as bençãos e a misericórdia de Deus estejam convosco, até o Dia do Juízo Final.

Acrescentar palavras a uma obra excelente é diminuir sua qualidade. Assim, não procuro interpretar nem analisar O livro de Mirdad, esse expoente do Gnosticismo (Cristão) Árabe, mas apenas expor alguns pontos do porque sua leitura é tão proveitosa...

Antes de começar: nunca tinha ouvido falar de Mikhaïl Naimy, o autor desse livro. Infelizmente, suas obras tiveram poucas traduções para o Português brasileiro - desconheço de para o Português de Portugal. Me assuntou não ter contato com o livroantes...Como uma obra com tamanha profundidade e densidade poderia chegar ao meu conhecimento só aos 29 anos? Foi o que pensei, muito arrogante.

Ainda bem que podemos nos surpreender, afinal. O livro de Mirdad é um relato "fictício", daquelas ficções que sabemos ter um denso grau de experiência do autor, e oferece a narrativa sobre uma pessoa em procura do conhecimento. Em sua jornada, esse sujeito, após passar por provações que lembram em muito as provas de ingresso em sociedades secretas, encontra o que procurava: um mosteiro conhecido como A Arca. Narra-se que o grupo que acompanhava Noé se estabeleceu nesse lugar e que uma Arca muito maior, dessa vez que abarcaria toda a Humanidade, estaria para chegar. O Homem, usando ainda a fralda dos éons, teria dificuldades para embarcar nessa Nova Arca, mas teria a potencialidade para tal.

Com uma mensagem que transcende o limite das religiões institucionais e se comunica à religião do coração, somos apresentados, ao fim da procura do protagonista (nas primeiras trinta e poucas páginas), ao Livro de Mirdad. O protagonista o encontra, após uma iniciação, e passamos a acompanhar a leitura junto com ele. Como se nós mesmos tivéssemos nos iniciado e encontrado esse livro ao fim de uma jornada.

A narrativa, a princípio, me lembrou algumas histórias budistas: pessoas narram o que Mirdad havia falado, o que Mirdad havia feito, o que as pessoas em volta de Mirdad haviam respondido ou relatado. Mirdad passa então a falar sobre diversas coisas: desde questionamentos sobre como um coração que possui uma única inimizade pode ter espaço para a amizade até o que acontece aos homens no Dia do Juízo. Somos apresentados a uma discussão entre dois arcanjos e dois arquidemônios acerca do Homem. As lições de Mirdad aos seus companheiros prosseguem, culminando em um desfecho relativamente previsível, mas ainda assim prazeroso.

Enfim, Mikhaïl Naimy é recomendado para essa aproximação da verdadeira mensagem do monoteísmo, a essa mensagem que transcende todas as diferenças entre os homens em suas crenças.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Quão imprudente é o Homem!


Quão imprudente é o Homem! Ele arruína seu Presente enquanto se preocupa com o Futuro, mas chora no Futuro recordando-se de seu Passado! - atribuído ao Iman Ali

[extaído de http://islamreflection.tumblr.com/ - tradução de Muhammad F.]

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Seja como a flor


Seja como a flor, que oferece sua fragrância mesmo para a mão que a esmaga. [atribuído ao Iman Ali.]

terça-feira, 2 de julho de 2013

Mística islâmica: atualidade e convergência com a espiritualidade cristã

O livro Mística islâmica: atualidade e convergência com a espiritualidade cristã de Mateus Soares de Azevedo é um excelente livro sobre o sufismo. Acho que essa é uma das primeiras coisas que se deve fazer com um livro antes de recomendá-lo. Agora, devo lhes dizer porque de sua excelência - o que não quer dizer que é despido de defeitos.

O autor vem, ao longo de suas obras, resgatando os valores das sabedorias tradicionais (veja seus livros em http://en.wikipedia.org/wiki/Mateus_Soares_de_Azevedo - alguns aos quais tive acesso), seja com conteúdo original (mais original pela leitura realizada do que pelos conteúdos mobilizados, enfim), seja com sua produção de traduções. Ambos os esforços resultam em uma bem-sucedida reflexão sobre o valor do pensamento religioso, sobre seus desdobramentos como promotores da dignidade humana, do convívio pacífico, da complementaridade dos diversos (não dos opostos!). Entretanto, tais aspectos são pouco (não quer dizer que não o sejam) vistos na presente obra.

Em Mística islâmica, ao contrário do que o título parece prometer, temos uma abordagem histórica dessa mística. Indicada em suas origines, em Ali Ibn Taleb e em Muhammad, o autor procede a um estudo histórico do desenvolvimento das ordens e de suas ideias, chegando, nas suas ultimas páginas, a indicar mesmo uma periodização de um "movimento". Como estudo introdutório e como consolidador de estudos realizados, o livro merece mais esse destaque. Se o seu nome fosse "História da mística islâmica", talvez tivéssemos uma indicação melhor do que se propõe o livro.

A confusão fica em seu subtítulo: atualidade e convergência com a espiritualidade cristã. Certamente o leitor mais atento terá essa perspectiva, reconhecendo conteúdos comuns às duas tradições (cristã e islâmica), mas tendo poucas indicações de quando tal convergência ocorre. Os textos bíblicos são pouquíssimo explorados; deste modo, operar a convergência é mais uma tarefa do leitor do que o autor!

Enfim, não se trata de um livro ruim; reafirmamos sua excelência. Entretanto, talvez por questões relativas ao capitalismo editorial, tal seja o modo com o qual o livro foi vendido. O Iniciação ao islã e ao sufismo, do mesmo autor, é um excelente complemento; A inteligência da fé oferece um melhor panorama do embasamento do autor; Men of a single book consegue mostrar muitos aspectos de outras tradições e dos equívocos da interpretação fundamentalista. Mística islâmica é um daqueles livros que, como todos os outros livros que existem, só fazem sentido quando lidos em conjunto com outras obras. De leitura muito recomendável, mas tendo em mente estes avisos, é um texto bem próximo a uma "história das religiões" descritiva, essencial para nós, Ocidentais, compreendermos o desenvolvimento do sufismo e suas tentativas de continuar existindo em um mudo secularizado, com um modernismo rudemente materialista e que não deixa espaço para o conhecimento cardíaco...

AZEVEDO, Mateus Soares de. Mística islâmica: atualidade e convergência com a espiritualidade cristã. Petrópolis: Editora Vozes, 2000.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Narrativas xiitas sobre Jesus (X)


Foi relatado que Abu Abd Allah [Imam Sàdiq] disse "O mundo tomou a forma, para Jesus ('a), de uma mulher cujos olhos eram azuis. Então ele disse para ela 'Com quantos você se casou?' Ela disse 'Muitos.' Ele disse 'Então todos eles divorciaram-se de você?' Ela disse 'Não, mas eu matei todos eles.' Ele disse 'Então que sofra o restante de seus maridos! Como eles falharam em aprender com o exemplo de seus predecessores!'"

[extraído de http://www.al-islam.org/jesus_shiite_narrations/, Capítulo 16, item 35 - tradução de Muhammad F.]