sábado, 20 de julho de 2013

O Livro de Mirdad


Que a paz, as bençãos e a misericórdia de Deus estejam convosco, até o Dia do Juízo Final.

Acrescentar palavras a uma obra excelente é diminuir sua qualidade. Assim, não procuro interpretar nem analisar O livro de Mirdad, esse expoente do Gnosticismo (Cristão) Árabe, mas apenas expor alguns pontos do porque sua leitura é tão proveitosa...

Antes de começar: nunca tinha ouvido falar de Mikhaïl Naimy, o autor desse livro. Infelizmente, suas obras tiveram poucas traduções para o Português brasileiro - desconheço de para o Português de Portugal. Me assuntou não ter contato com o livroantes...Como uma obra com tamanha profundidade e densidade poderia chegar ao meu conhecimento só aos 29 anos? Foi o que pensei, muito arrogante.

Ainda bem que podemos nos surpreender, afinal. O livro de Mirdad é um relato "fictício", daquelas ficções que sabemos ter um denso grau de experiência do autor, e oferece a narrativa sobre uma pessoa em procura do conhecimento. Em sua jornada, esse sujeito, após passar por provações que lembram em muito as provas de ingresso em sociedades secretas, encontra o que procurava: um mosteiro conhecido como A Arca. Narra-se que o grupo que acompanhava Noé se estabeleceu nesse lugar e que uma Arca muito maior, dessa vez que abarcaria toda a Humanidade, estaria para chegar. O Homem, usando ainda a fralda dos éons, teria dificuldades para embarcar nessa Nova Arca, mas teria a potencialidade para tal.

Com uma mensagem que transcende o limite das religiões institucionais e se comunica à religião do coração, somos apresentados, ao fim da procura do protagonista (nas primeiras trinta e poucas páginas), ao Livro de Mirdad. O protagonista o encontra, após uma iniciação, e passamos a acompanhar a leitura junto com ele. Como se nós mesmos tivéssemos nos iniciado e encontrado esse livro ao fim de uma jornada.

A narrativa, a princípio, me lembrou algumas histórias budistas: pessoas narram o que Mirdad havia falado, o que Mirdad havia feito, o que as pessoas em volta de Mirdad haviam respondido ou relatado. Mirdad passa então a falar sobre diversas coisas: desde questionamentos sobre como um coração que possui uma única inimizade pode ter espaço para a amizade até o que acontece aos homens no Dia do Juízo. Somos apresentados a uma discussão entre dois arcanjos e dois arquidemônios acerca do Homem. As lições de Mirdad aos seus companheiros prosseguem, culminando em um desfecho relativamente previsível, mas ainda assim prazeroso.

Enfim, Mikhaïl Naimy é recomendado para essa aproximação da verdadeira mensagem do monoteísmo, a essa mensagem que transcende todas as diferenças entre os homens em suas crenças.

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